quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Nanquim 2014: Brasil "descobre" esportes, se reafirma e é top 10

Brasil encerra participação nas Olimpíadas da Juventude com 15 medalhas e garante um lugar entre os dez primeiros do quadro de medalhas pelo número de ouros


Por Nanquim, China


Foram 15 medalhas, seis ouros, oito pratas e um bronze. Nas Olimpíadas da Juventude de Nanquim, na China, o Time Brasil "descobriu" novos esportes, reafirmou sua posição de destaque em outras modalidades, e mais que dobrou seu resultado em relação à primeira edição do evento, em 2010, em Cingapura, quando terminou com sete medalhas. O país foi ao pódio no tênis de mesa, tênis, vôlei de praia, natação, ginástica artística, judô, tiro com arco, taekwondo e hipismo de saltos.

Mais do que pódios, o Brasil viu nascer promessas, com Flávia Saraiva, com três medalhas na ginástica artística, algo inédito. Viu também a China aplaudir estrelas como Matheus Santana, recordista mundial júnior dos 100m livre e dono de três medalhas nos Jogos. Em participação histórica, foram conquistadas medalhas inéditas também no tênis, no tênis de mesa e no tiro com arco, além de um ouro nunca antes tido no taekwondo.

- Mais que dobramos o número de medalhas e passamos de seis para nove modalidades com pódios. Tivemos modalidades que, dentro do cenário olímpico, nunca tinham tido um resultado, como o tênis de mesa, o tênis, a ginástica. Foram conquistas inéditas e expressivas. E outras modalidades que continuamos, dentro do histórico, medalhando, como o judô, o vôlei de praia e a natação - explicou Adriana Behar, chefe de missão do Time Brasil.


Flavia e Matheus Jogos da Juventude (Foto: Wander Roberto/Inovafoto/COB)
Flavia, de 1,31m de altura, e Matheus, 
1,83m, somaram três medalhas cada 
um (Foto: Wander Roberto/
Inovafoto/COB)

Em 2018, as Olimpíadas da Juventude desembarcam em Buenos Aires, na Argentina, na terceira edição do evento, que pela primeira vez deixa a Ásia e ruma para a América do Sul. Antes, nas Olimpíadas de 2016, vários podem estar no Rio de Janeiro. Mas o COB não tem pressa com eles.

- Para brigar por medalha não vai ser fácil em 2016. Quando se coloca junto do adulto, com 240 e poucos países, é complicado. Pelos resultados, o Matheus bateu de novo o recorde, a Flávia está sendo preparada para 2016, e depois você tem a garotada que está bem no juvenil, mas quando chega no adulto, é mais complicado, como o Marcus Vinícius, do tiro com arco, o Hugo Calderano, do tênis de mesa. E o tempo é muito curto - explicou Marcus Vinícius Freire, superintendente executivo de esportes do COB. 



Medalhas de ouro Jogos Juventude (Foto: Wander Roberto/Inovafoto/COB)
Edival, Layana, Flavia, Matheus, Duda 
e Paty, os dourados do Brasil 
(Foto: Wander Roberto/
Inovafoto/COB)

O COI não faz um quadro oficial de medalhas dos Jogos da Juventude mas, se contarmos apenas os pódios conquistados pelos países em provas entre nações, sem somar os resultados das equipes intercontinentais, o Brasil aparece na nona posição no quadro geral de medalhas, com seis ouros, seis pratas e um bronze. O país líder é a China, seguida de Rússia e Estados Unidos.

Jogos da Juventude (Foto: Editoria de arte)
Obs: Este quadro de medalhas leva em 
conta o número de ouros para a classificação


01
Taekwondo: campeão mundial confirma status de promessa

Edival taekwondo (Foto: Wander Roberto/Inovafoto/COB)Edival venceu com golpe noúltimo segundo(Foto:WanderRoberto/Inovafoto/COB)

Edival Marques chegou em Nanquim com o status de campeão mundial juvenil de taekwondo. E confirmou em quatro lutas seu talento. Natural da Paraíba, o menino de 17 anos conquistou uma medalha de ouro sofrida, no último segundo. A primeira dourada do país na modalidade.

Na final diante do mexicano Jose Ruben Nava, Edival contou com a ajuda do recurso eletrônico para confirmar a vitória no peso até 63kg. Na sua cidade, ele não conta com a estrutura necessária para seguir competindo em alto nível entre os adultos, por isso, vai mudar para Piracicaba, em São Paulo, mas seguirá competindo pelo seu estado.

- Lá na Paraíba a gente sofre um pouco com a falta de estrutura. Então, vou me mudar para Piracicaba. Vou já pensando no adulto, na seletiva do final do ano da seleção adulta. Quero um lugar nas Olimpíadas de 2016 e preciso fazer essa transição entre o juvenil e o adulto da forma correta - disse Edival.



02
Tênis de mesa conquista medalha histórica

Calderano comemora o bronze em Nanquim (Foto: Divulgação)Calderano comemora o bronze em Nanquim (Foto: Divulgação)

Hugo Calderano construiu em Nanquim um novo capítulo da história do tênis de mesa do Brasil. Aos 18 anos, ele venceu Heng Wei Yang, de Taiwan, e ficou com a medalha de bronze na modalidade. O pódio foi o primeiro do Brasil em competições olímpicas e coloca Hugo em outro patamar. Após os Jogos da China, ele irá para a Alemanha, onde vai jogar pelo Ochsenhausen. O jovem é nome forte para 2016, nas Olimpíadas do Rio de Janeiro.

- É uma sensação muito boa vir de um país sem tradição e ganhar deles. Meu objetivo é ganhar deles. Eles são frios, mas também tenho um foco muito bom e consigo me igualar a eles nesse aspecto. Torcida não me afeta, então jogo da mesma forma - frisou o brasileiro.



03
Layana faz dobradinha no judô
Criada em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, Layana Colman, de 16 anos, é uma das promessas da base do judô brasileiro. No ano passado, ela conquistou o bronze no mundial cadete, na Turquia, e em Nanquim foi uma das maiores medalhistas do Brasil. Na categoria até 52kg, ela bateu a búlgara Betina Temelkova na final, com um ippon por imobilização, e foi a dona do primeiro ouro do país nas Olimpíadas da Juventude. 

Layana Colman medalha Jogos Juventude (Foto: Thierry Gozzer)
Layana Colman comemora o ouro, o 
primeiro do Brasil em Nanquim 
(Foto: Thierry Gozzer)


Depois disso, ainda conquistou uma medalha de prata na competição por equipes, vencendo suas lutas nas semifinais e final. O sucesso em Nanquim, porém, ainda é o começo do caminho para Layana, que para conseguir uma vaga na seleção brasileira adulta de judô, terá uma longa estrada, já que seu peso tem nomes fortes como Érika Miranda, que acabou de medalhar no Mundial da Rússia.

- Eu penso nos Jogos de 2020, em Tóquio. Sei que a seleção brasileira de judô está bem servida e, no meu peso, a briga é boa. Tenho a Érika e várias outras atletas de nível - lembrou Layana, feliz com o resultado na China.



04
Matheus Santana confirma expectativas com três pódios

Matheus Santana 100m livre (Foto: Wander Roberto/Inovafoto/COB)Matheus Santana levou três medalhas (Foto: Wander Roberto/Inovafoto/COB)

Grande estrela da delegação brasileira nos Jogos de Nanquim, Matheus Santana não decepcionou. O carioca deixou as Olimpíadas da Juventude com três medalhas, duas pratas e um ouro nos 100m livre, batendo novamente seu próprio recorde mundial, com o tempo de 48s25. Ele também foi prata no revezamento misto 4x100m livre, e na prova dos 50m livre. Matheus deixa Nanquim satisfeito com o desempenho do Time Brasil.

- Viemos com uma grande delegação e várias atletas de referência em nível mundial. A mentalidade é de ganhar medalha sempre, e todos estão de parabéns por terem cumprido o seu objetivo aqui - disse Matheus.

O nadador de 18 anos é talvez o nome mais forte da juventude do país para 2016. Com o quinto melhor tempo do mundo nos 100m livre, ele é cotado para o revezamento 4x100m livre no Rio de Janeiro, e também briga por vaga nas provas individuais. Em 2014, ainda terá um Sul-Americano e o Troféu José Finkel, em setembro.



05
Tênis conquista medalhas históricas
Marcelo Zormann e Orlando Luz venceram os russos Kublev e Khachanov na decisão em Nanquim e conquistaram um ouro inédito para o tênis brasileiro, que nunca havia triunfado em uma competição olímpica. Antes, eles já haviam surpreendido em Wimbledon, nas duplas masculinas, ficando com um título inédito para o Brasil. Orlandinho ainda foi longe na chave de simples, e levou a prata para o Brasil, perdendo a decisão para o polonês Kamil Majchazvak.

Orlando é o terceiro do ranking mundial juvenil, e Zormann, o sétimo. Classificados para Nanquim, eles passaram a jogar juntos para se entrosarem para os Jogos, em uma dupla que deu certo, mas nem por isso tem futuro garantido. Cada um joga com um parceiro normalmente e ambos focam nas chaves de simples, como no US Open, que jogam na próxima semana.


Orlando Luz e Marcelo Silva medalhas tênis (Foto: Wander Roberto / Inovafoto / COB)
Orlando Luz e Marcelo comemoram o 
ouro (Foto: Wander Roberto 
/ Inovafoto / COB)


06
Flavinha vive conto de fadas na ginástica artística

Flavia Saraiva com as medalhas (Foto: Thierry Gozzer)Cheia de medalhas, Flavia Saraiva desfila pelas ruas de Nanquim (Foto: Thierry Gozzer)


Flávia Saraiva viveu um conto de fadas em Nanquim. Reserva de Rebeca Andrade, ginasta do Flamengo, a garota de 14 anos só veio para a China porque a amiga se lesionou e não pôde competir. A baixinha de 1,31m soube aproveitar bem a chance. Praticamente impecável, ela foi prata no individual geral, ouro no solo e prata na trave. Ao lado de Matheus Santana, fechou as Olimpíadas da Juventude como a maior medalhista do Brasil, com três conquistas.

Agora, ela mira os Jogos de 2016, quando estará com 16 anos, idade mínima para competir na ginástica artística nas Olimpíadas. E garante que depois do que fez em Nanquim, tudo é possível.

- Se eu treinar muito, me esforçar e corrigir meus erros, posso conseguir uma vaga no Rio de Janeiro e também conquistar uma medalha. Tenho certeza que isso é possível - garantiu Flávia.

07
Duda e Paty confirmam vôlei de praia como fábrica de medalhas

Duda e Paty vôlei de praia (Foto: Wander Roberto/Inovafoto/COB)Duda e Paty comemoram vitória
(Foto:WanderRoberto/Inovafoto/COB)


A tradição do vôlei de praia brasileiro em Olimpíadas foi mantida em Nanquim. Duda e Paty venceram todas as rivais que encontraram e ficaram com o ouro na disputa na China. Na decisão, as meninas de 16 a 15 anos bateram as irmãs gêmeas Nicole e Megan Mcnamara, de 17 anos, por 2 sets a 1. Antes, Duda já havia sido bicampeã mundial sub-19, semanas antes. Apesar da conquista e de todo o histórico de títulos na base, Duda não tem pressa para as Olimpíadas.

- Cada coisa tem o seu tempo. Claro que quero ir para as Olimpíadas. Mas sei que para 2016 o tempo é curto. Não quero atropelar nada, tudo está vindo em seu tempo certo - disse Duda.

Apesar do ouro das meninas, o time masculino decepcionou. Atuais campeões mundiais sub-19, George e Arthur perderam nas quartas de final e não foram ao pódio.



08
Medalha inédita no tiro com arco

Marcus Vinicius tiro com arco (Foto: Wander Roberto/Inovafoto/COB)Marcus Vinicius conquista a medalha de prata(Foto: Wander Roberto/Inovafoto/COB)


Aos 16 anos, Marcus Vinícius D' Almeida não ficou com o ouro. Mas sua prata brilhou como se fosse. O garoto do Rio de Janeiro é destaque mundial em uma modalidade sem tradição no Brasil. Hoje, é segundo colocado no ranking da Copa do Mundo (entre os adultos) e nono no ranking mundial. Em Nanquim, perdeu a decisão para o sul-coreano Seok Woo Lee, mas confirmou seu lugar entre os melhores do planeta no tiro com arco.

Após Nanquim, Marcus vai para a Suíça, onde disputa a última e decisiva etapa da Copa do Mundo, com apenas os oito melhores das quatro primeiras etapas da Copa. Faltando menos de dois anos para 2016, a revelação sonha não apenas com vaga, mas também com medalha.

- Eu acredito que dá para brigar por medalha em 2016. Quero buscar minha vaga e tenho três chances no Rio de Janeiro, no masculino, no time masculino e no time misto. Se treinar e seguir bem, posso chegar lá brigando por pódio - garantiu.



09
Bianca Rodrigues prata no hipismo de saltos por equipes

Bianca Rodrigues hipismo jogos olímpicos da juventude (Foto: Thierry Gozzer)Bianca competiu no hipismo (Foto: Thierry Gozzer)


A brasileira Bianca Rodrigues não conseguiu um bom resultado na competição individual do hipismo de saltos. Ela acabou eliminada na primeira fase, mas também deixou Nanquim com uma medalha no peito.
Na competição por equipes intercontinentais, Bianca esteve no time da América do Sul e ficou com a prata, perdendo apenas para o time da Europa.


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