Felipão e a comissão técnica estão preocupados com a reação dos jogadores à pressão pelo título. Paulinho, fortalecido, pode ganhar mais uma chance
A
condição emocional da seleção brasileira na Copa do Mundo preocupa a
comissão técnica. No discurso, jogadores e o restante da delegação dizem
que manifestações como as lágrimas no Hino Nacional são normais,
principalmente pelo fato de a competição ser disputada no país. Mas,
entre eles, estudam soluções para minimizar a pressão até o fim do
Mundial.
A preocupação é tamanha que a psicóloga
Regina Brandão foi convocada a retornar à Granja Comary. No início da
preparação, ainda em maio, ela e as colegas Aline Magnani e Gisele Silva
traçaram perfis individuais dos jogadores. A reação deles a situações
extremas pode até interferir na formação do time para as próximas
partidas. Contra a Colômbia, sexta-feira, pelas quartas de final, o
volante Luiz Gustavo terá de cumprir suspensão por dois cartões
amarelos. A atitude de Paulinho antes da disputa de pênaltis contra o
Chile o colocou como favorito a ocupar seu lugar.
Thiago Silva chorando no jogo entre Brasil e
Chile: psicológico da Seleção está sendo
monitorado (Foto: EFE)
O
volante do Tottenham perdeu a posição para Fernandinho após três
atuações irregulares na primeira fase. No último jogo, quando o novo
titular sentiu câimbras e precisou sair, entrou Ramires. Mas na roda dos
atletas, antes dos pênaltis, o jogador assumiu o comando, foi para o
centro e passou mensagens de incentivo a cada cobrador e ao goleiro Julio César.
Já
que o Brasil não tem jogado bem - e a comissão técnica também admite
isso internamente -, a experiência de Paulinho em momentos decisivos
como a Copa das Confederações do ano passado e os títulos que conquistou
pelo Corinthians, sobretudo a Libertadores e o Mundial, serão levados
em conta.
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Outro jogador que ganhou pontos foi o goleiro Victor. Ele alertou Felipão sobre a dificuldade da Seleção no rebote em razão de os setores do time estarem muito distantes no segundo tempo da partida diante do Chile. A compactação foi muito abordada pelo técnico no intervalo para a prorrogação. A participação do terceiro goleiro no incentivo para os pênaltis também foi alvo de elogios.
Thiago Silva, isolado, antes da disputa de pênaltis contra o Chile (Foto: Getty Images)
Paulinho
também teve uma conversa com Thiago Silva no gramado. O capitão é uma
das maiores preocupações da comissão. Sua postura antes dos pênaltis
chamou atenção. Ele ficou sentado sobre uma bola, isolado, com expressão
facial absolutamente abatida. Depois da classificação, o zagueiro
admitiu que exagerou ao externar sua preocupação, mas ressaltou que isso
não prejudicou seu desempenho em campo.
Thiago
tem sido um dos melhores jogadores da seleção brasileira na Copa do
Mundo. Até foi eleito pela Fifa para a equipe ideal da primeira fase da
competição. Para muitos, a exagerada pressão colocada sobre o grupo, até
mesmo pela comissão técnica e a cúpula da CBF, que assumiram o
favoritismo sempre e disseram frases como “temos que ser campeões de
qualquer jeito” ou “já temos uma mão na taça”, contribuiu para esse
descontrole. Para se ter uma ideia, até o goleiro Jefferson, tido como
extremamente frio, já foi visto com lágrimas nos olhos.
Na
noite da última segunda-feira, a comissão técnica se reuniu com os
jogadores e abordou o aspecto emocional. Em encontro com jornalistas
selecionados por Felipão, horas antes, o técnico, o auxiliar Murtosa e o
coordenador técnico Carlos Alberto Parreira admitiram que há
desequilíbrio emocional no elenco. Avaliam que um aspecto negativo de a
Copa do Mundo ser disputada no país é que fatores externos chegam aos
jogadores: propagandas na televisão, contato com torcedores e pessoas
próximas, entre outros. É mais difícil blindar.
Neymar caiu em lágrimas na partida contra o
Chile pelas oitavas de final do Mundial (Foto:
Mowa Press)
A
ausência de jogadores mais tarimbados também pesa, mas a comissão
técnica não se arrepende de ter excluído da convocação medalhões como
Kaká, Ronaldinho Gaúcho e Robinho. E também valorizam a importância que
seus jogadores têm dado à Copa do Mundo. Para eles, essa dificuldade
diante da pressão mostra que todos estão muito dispostos a ganhar o
título e derruba a tese de que “são meninos ricos que não se importarão
em caso de derrota”.
FONTE
http://globoesporte.globo.com/futebol/selecao-brasileira/noticia/2014/07/lado-emocional-preocupa-e-pode-pesar-ate-na-escalacao-da-selecao.html
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