sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Seleção se concentra em cidade de espírito orgulhoso e arrogante


 . Foto: Fábio de Mello Castanho/Terra Taxista Jesus comenta a "superioridade" do povo de Arequipa
Foto: Fábio de Mello Castanho/Terr

Fábio de Mello Castanho
Direto de Arequipa (Peru)
Uma corrida de táxi com o motorista Jesus Rondon Chavez entregou muito mais do que as atrações turísticas de Arequipa, cidade em que a Seleção Brasileira se concentra para a fase final do Sul-Americano Sub-20. A conversa serviu para comprovar o espírito orgulhoso dos arequipanos, que para os peruanos de outras regiões seria melhor classificado como espírito arrogante.
"Somos primeiro arequipenos, depois peruanos", disse o motorista entre uma parada no Convento Santa Catalina e a Praça das Armas. "Qual outra cidade do Peru tem construções tão bonitas como essa?", questiona Jesus, sobre as igrejas que formam a paisagem da cidade conhecida por sua tradição religiosa.
O orgulho dos habitantes desta localidade no sul do país e nos pés dos Andes pode ser medido em camisetas que brincam com a fama por meio da frase "eu amo ser arequipano". Ou ainda por um alerta feito pelo taxista. "Se for paquerar as mulheres daqui, cuidado. Nós não gostamos que estrangeiros falem com nossas garotas."
Este "ar superior" dos arequipanos é relatado no livro de um dos filhos ilustres da cidade, o escritor e vencedor do Prêmio Nobel de Literatura Mario Vargas Llosa. Em "Dicionário Amoroso da América Latina", o escritor descreve a sua cidade-natal como um típico habitante.
"Eu acredito que as zombarias que correm a respeito de nós no Peru - dizem que somos arrogantes, antipáticos e até mesmo loucos - têm origem na inveja que despertamos. Afinal, não falamos nós o espanhol mais puro? Não temos, então, o convento de Santa Catalina, essa maravilha arquitetônica (...)? E a nossa cidade não conheceu os mais grandiosos terremotos e maior número de revoluções da história do Peru?".
Conhecida como cidade branca por ser erguida com silhar, pedra de origem vulcânica com a coloração branca, Arequipa desde a sua fundação, em 1540, sofre com catástrofes naturais. Com vulcões ao seu redor, a cidade teve de se reerguer de erupções e terremotos e está suscetível a novos desastres. O último forte tremor, em 2001, levou destruição à cidade, e o vulcão Misti entrou em erupção, sem grandes danos, em 1985.
Arequipa também é conhecida pelo seu espírito contestador e revolucionário. Principalmente por seu papel central na Guerra do Pacífico, que entre 1879 e 1883 envolveu também o Chile e a Bolívia. "Enquanto a gente pegava arma e defendia o Peru dos chilenos, o pessoal de Lima se escondia embaixo da cama", disse o taxista Jesus Rondon Chavez ao final de uma corrida esclarecedora sobre quem são os arequipanos.

FONTE:
http://esportes.terra.com.br/futebol/sulamericano-sub20/2011/noticias/0,,OI4915826-EI17216,00-Selecao+se+concentra+em+cidade+de+espirito+orgulhoso+e+arrogante.html

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