quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Cuidado com ele

TÊNIS INTERNACIONAL -  Aberto da Austrália 2011 



qua, 26/01/11
por Alexandre Cossenza |
"Algo que escrevi ontem sobre Caroline Wozniacki se aplica a David Ferrer. Com a lesão  de Rafael Nadal no segundo game do jogo desta quarta, qualquer análise torna-se injusta com o número 7 do mundo. Em caso de vitória, o que aconteceu, Ferrer venceria porque seu adversário estava machucado. Em caso de derrota, seria uma vergonha perder para um oponente capenga em quadra.
Prefiro lembrar dos dois primeiros games do jogo, em que Ferrer atacou Nadal brilhantemente, usando ângulos, paralelas quase chapadas e se movimentando de um lado para o outro da quadra de forma assustadora. Ele abriu 2/0 e foi para o primeiro intervalo ganhando por 2/1 – Nadal devolveu a quebra no terceiro game.
Depois disso, ficou clara a falta de explosão do número 1 do mundo. A lesão foi na parte interna, e qualquer amador sabe bem o quanto dói tentar arrancar para uma bola quando aquela região está dolorida. No alto nível, é impossível competir em igualdade de condições.
Mesmo assim, é preciso ressaltar aos méritos de Ferrer. Primeiro, por não ter perdido a concentração por longos períodos de tempo. Ele cedeu um break point aqui e outro ali, mas se salvou com saques angulados na maioria das vezes. Além disso, o espanhol foi inteligente taticamente. Abria os pontos com saques abertos e fazia Nadal correr até o outro lado da quadra em seguida. Combinação mortal, levando em conta as condições do compatriota.
E foi assim até o fim do jogo. E de uma hora para a outra, Ferrer está nas semifinais do Australian Open. E, pelo que mostrou nos primeiros games, vai fazer um belo jogo contra Andy Murray. Mas é possível fazer uma análise baseada em dois games? Pode não ser o mais justo, mas é o que temos de referência real. Injusto seria dizer que Ferrer só venceu por causa da lesão do número 1 do mundo.
Murray sofre com Dolgopolov
‘É difícil explicar. Só quem está jogando entende”. Foi assim que o britânico descreveu a experiência de enfrentar o imprevisível Alexandr Dolgopolov. O ucraniano tem ótimos golpes, mas não são estes seu principal atributo. O que complica a vida de seus rivais é sua capacidade de variar. Durante um ponto, troca três bolas despretensiosas até que dispara um canhão vencedor. No outro, defende-se até atrair ao adversário para a rede e vencer o ponto com uma passada. Foi isso que deixou Murray desconfortável – e errático – em quadra.
Dolgopolov só não teve consistência (nem smashes – errou mais de três) para derrotar o britânico. Assim, Murray vai mais uma vez às semifinais na Austrália. Se não podemos elogiar sua atuação nesta quarta, tampouco podemos dizer que o escocês chegará mal nas semifinais.  O jogo contra Ferrer será bem mais “ortodoxo”, por assim dizer. Aguardemos muitas trocas de bola em altíssimo nível. Ainda aposto em Môri.
Coisas que eu acho que acho:
- Pena o sonho do Rafa Slam ter acabado assim, com uma lesão nas quartas de final. Deu dó ver Nadal quase às lágrimas, sentado no banco, em uma das viradas de lado. Perder em quadra, jogando, é uma coisa. Machucado, vítima de algo sobre o qual não se tem controle, deve doer muito mais.
- O que aconteceu com Nadal é mais uma prova de o quão difícil é vencer quatro Grand Slams seguidos. A virose de Doha deixou o corpo fraco, mais suscetível a lesões, e foi isso que aconteceu. Triunfar nos quatro significa evitar lesões, estar no máximo do condicionamento técnico e escapar de adversários em dias inspirados 28 vezes seguidas. É um feito para poucos".

FONTE:
http://globoesporte.globo.com/platb/saqueevoleio/2011/01/26/cuidado-com-ele/

Nenhum comentário: