Depois de um 2015 difícil, Ricardo Gomes, Jorginho, Eduardo Baptista e Muricy Ramalho encaram as missões da nova temporada por Botafogo, Vasco, Flu e Fla
Os últimos dias de 2015 são de uma aparente tranquilidade para os técnicos dos quatro grandes clubes do Rio. Mas tão logo chegue a hora da virada, a calmaria vai dar lugar ao trabalho duro e aos desafios da nova temporada. É cada um na sua, mas todos no mesmo barco: o da instabilidade dos treinadores de futebol.
Quarteto de treinadores dos grandes do Rio
está definido para 2016 (Foto:
Editoria de Arte)
Superação, afirmação, longevidade e provação. Quatro
palavrinhas mágicas, e ao mesmo tempo perturbadoras, que cercam Ricardo Gomes,
técnico do Botafogo, Jorginho, do Vasco, Eduardo Baptista, comandante do
Fluminense, e Muricy Ramalho, a grande contratação do Flamengo até aqui para
2016.
Missões não vão faltar. Muito menos cobranças.
Normal e
natural depois de um ano muito ruim para quase todos eles. O Botafogo,
campeão
da Série B, foi a exceção. Mas muitos botafoguenses não viram no retorno
à elite nada além de uma obrigação. Vasco, rebaixado para a Segundona, e
Flamengo e
Fluminense, sem títulos na temporada, começam o novo ano em débito com
seus torcedores.
O GloboEsporte.com lista as tarefas do quarteto. Parafraseando Muricy:
“Vai ter trabalho, meu filho!”.
RICARDO GOMES - SUPERAÇÃO
Começamos com Ricardo Gomes. Chegou no fim do mês de julho,
mas é o técnico há mais tempo no cargo no Rio de Janeiro. Foi um ano de
superação para ele, de volta por cima, de volta ao trabalho. Depois de sofrer
um AVC em 2011, quando treinava o Vasco, e ficar afastado da área técnica por
quatro anos, ele topou o desafio de devolver o Botafogo para a Primeira Divisão
do futebol brasileiro.
Apesar da volta folgada do clube e da conquista do
título, não escapou de críticas dos exigentes e calejados torcedores
alvinegros. O bom trabalho foi reconhecido, e Ricardo teve o contrato renovado.
Mas a palavra dele não vai mudar em 2016. A superação, pessoal e profissional,
continua.
Ricardo já mostrou capacidade de trabalhar normalmente após
o problema de saúde. Dentro do campo, terá de lidar com muitas perdas e, pelo
menos por enquanto, poucos ganhos. Terminada a Série B, a diretoria abriu mão
de diversos titulares e atletas que jogavam com regularidade. São várias
negociações em curso, algumas contratações, mas nenhum nome de peso. A melhor
notícia que o Glorioso conseguiu dar aos fãs até aqui foi a permanência do
atacante Neilton. O técnico está confiante, mas em alerta.
- Tem que estar muito atento para encontrar a
solução. A pressão não vai diminuir. A torcida do Botafogo vai exigir o melhor
time. Quando chega ali na sala de imprensa do Botafogo, a quantidade de grandes
jogadores (nos retratos). Isso não tem em nenhum lugar do mundo, não tem no
Bordeaux, não tem no Monaco... – afirmou Ricardo, em entrevista ao “SporTV”.
JORGINHO - AFIRMAÇÃO
Um rebaixamento para a Série B é sempre encarado
como uma mancha no currículo. Quem quer ter esse “carimbo” na vida
profissional? Jorginho tem, mas não é exagero dizer que ele se salvou no
naufrágio da caravela vascaína. A direção segurou a comissão técnica – Zinho é amigo,
auxiliar e braço direito de Jorginho – que manteve o Vasco respirando até a
última rodada do Brasileirão. Nenê, o astro do grupo, também já disse que fica.
Mas o que ficou foi o gostinho de quero mais. Os
28 pontos em 19 jogos - a oitava melhor campanha do returno -, não bastaram para
evitar o rebaixamento. Faltou a “cereja do bolo”, conforme definiu o
comandante.
O objetivo para 2016 é claro: voltar à Primeira
Divisão. Mas Jorginho quer mais. Quer começar um novo ciclo. Um ciclo à altura
da história e das tradições do Vasco. Nos últimos oito anos, foram três
rebaixamentos. O caminho é longo.
- É uma questão de honra, de ter que voltar mesmo.
É uma obrigação, como o presidente (Eurico Miranda) falou. Vamos voltar para a
Primeira e tentar ir um pouco mais além e conquistar títulos – disse Jorginho,
em entrevista ao GloboEsporte.com.
EDUARDO BAPTISTA - LONEVIDADE
Dos comandantes dos quatro grandes do Rio, Eduardo Baptista é
o que tem menos história. É um técnico emergente, que fez um ótimo trabalho no
Sport, e abraçou a maior oportunidade da carreira até aqui. A chegada ao
Fluminense, em setembro, não foi tranquila. Nas Laranjeiras, encontrou um grupo
pressionado pelos resultados ruins e Ronaldinho Gaúcho em crise. Pouco depois,
o camisa 10 partiu sem deixar saudade.
Eduardo parecia ter times diferentes nas mãos. No
Brasileiro, ladeira abaixo. Na Copa do Brasil, chegou à semifinal e perdeu nos
pênaltis para o Palmeiras, que conquistou o título. Para a nova temporada, já
ganhou um presente. O meia Diego Souza, com quem trabalhou no Sport, foi
contratado para ser o camisa 10 que Ronaldinho não foi. Outros nomes de peso
ainda podem chegar, mas também houve perdas. Os meias Gerson e Vinícius, por
exemplo, partiram. Depois de ficar um ano e sete meses no Sport, algo
complicado para os técnicos nos dias de hoje, sonha com longevidade no
Tricolor, que teve quatro treinadores na temporada (além de Eduardo, Cristóvão Borges, Ricardo Drubscky e Enderson Moreira).
- Esse é o objetivo. O
plano de carreira que eu tracei é de ter essa longevidade, de fazer um time
homogêneo, de acertar nas contratações, de montar uma equipe que dure o ano inteiro....
Fica mais fácil de trabalhar, de dar conjunto, variações táticas... Essa é
minha meta, mas é preciso ganhar títulos, que são importantes para os times
grandes.
MURICY RAMALHO - PROVAÇÃO
A chegada de Muricy Ramalho mexeu com o noticiário do
futebol carioca. Campeão brasileiro com o Fluminense em 2010, ele retorna ao
Rio depois de oito meses parado. Tempo para cuidar da saúde e descansar. Descansar?
Mas aqui é trabalho, Muricy! A frase do técnico que virou um bordão no futebol
logo será ouvida novamente. Muricy está empolgado com o desafio chamado
Flamengo. Chega para arrumar o futebol e confiante na promessa de Eduardo
Bandeira de Mello, o presidente reeleito: a estrutura do Rubro-Negro vai
melhorar.
- Eles mostraram toda a dificuldade que eu iria
encontrar, acho que isso é legal, eles não me prometeram uma coisa e cheguei
aqui e era outra. Eles me mostraram o que é e também o que pode ser feito.
Não estou em um momento da minha carreira de ir para um lugar só para ganhar um
bom salário, ganhar um título e está tudo certo, não deixar nada. Não, a gente
quer deixar alguma coisa aqui. Ganhar no Flamengo deve ser uma coisa absurda, eu
fico pensando nisso. Putz... no dia em que eu ganhar aqui, deve ser demais, né?
Isso é desafio, cara. Me pegaram em uma época da minha carreira que bateu tudo
o que eu penso e também aceitaram algumas coisas que eu conversei com eles –
contou, em entrevista ao programa “Esporte Espetacular”, da TV Globo.
No tempo em que esteve fora do campo, Muricy
foi para o Barcelona. Com uma mãozinha do craque Neymar, conheceu o
clube de
perto e buscou informações e inspiração num trabalho de absoluto
sucesso. Ele sabe que os títulos que sobram por lá terão de pintar por
aqui também.
- Nós vamos ter que trabalhar essa coisa da
estrutura, que tem gente para trabalhar, mas a gente vai ter que ganhar também.
Estamos identificando jogadores. Não são muitos, mas precisam ser bons. Se
trouxer três, quatro bons, está ótimo.
Cartas na mesa, missões distribuídas. Feliz Ano Novo!
FONTE:
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