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Ucranianos sobem ao degrau mais alto do pódio dos Jogos de Inverno depois de 20 anos. Na entrevista coletiva, Olena Pidhrushna faz uma homenagem às vítimas
No lugar das palavras, o silêncio.
A entrevista coletiva das campeãs olímpicas na prova de revezamento do biatlo foi marcada por um gesto
simbólico. Emocionadas pelo feito histórico para a Ucrânia, as atletas pediram
um minuto de silêncio em respeito ao clima de guerra e tristeza que assola o
país por causa dos conflitos entre grupos radicais e o governo.
- Por causa do que tem
acontecido na Ucrânia, eu gostaria de pedir a vocês um minuto de silêncio em
respeito às pessoas que morreram nos últimos dias – disse Olena Pidhrushna. Ao menos 77 pessoas morreram durante os protestos.
Ucranianas foram campeãs olímpicas na prova
de revezamento do biatlo (Foto: AP)
Olena tem um motivo pessoal
para se preocupar com o que acontece em seu país. O marido dela é membro da
oposição. Apesar de tentar evitar perguntas políticas e tentar focar nas
Olimpíadas, a esquiadora acabou cedendo aos apelos da imprensa.
- Ele (marido) falou comigo
e disse que não sabia como me apoiar e melhorar o meu humor antes da prova. Ele
me disse que me ama e que acredita em mim. Eu só posso agradecer por ele tentar
me proteger de tudo que está acontecendo. Sabemos apenas o mínimo do que está
acontecendo lá e que é uma coisa boa – acrescentou.
A
onda de manifestações na Ucrânia teve início depois que o governo do
presidente Viktor Yanukovych desistiu de assinar, em 21 de novembro de
2013, um acordo de livre-comércio e associação política com a União
Europeia (UE), alegando que decidiu buscar relações comerciais mais
próximas com a Rússia. O conflito reflete uma divisão interna do país,
que se tornou independente de Moscou com o colapso da União Soviética,
em 1991. No leste e no sul do país, o russo ainda é o idioma mais usado
diariamente, e também há maior dependência econômica da Rússia. No norte
e no oeste, o idioma mais falado é o ucraniano, e essas regiões servem
como base para a oposição – é onde se concentram os principais
protestos, incluindo a capital Kiev.
Atletas viveram misto de emoção pelo
resultado histórico e tristeza pelos c
onflitos na Ucrânia (Foto: AP)
Sergey Bubka, ex-atleta e
presidente do Comitê Olímpico da Ucrânia, afirmou que a delegação tem feito de
tudo para manter os atletas focados nos Jogos Olímpicos. Mesmo com a tentativa
de blindagem, a esquiadora Bogdana Matsotska decidiu abandonar a competição
como forma de protesto. De acordo com Bubka, após o ouro conquistado pela
equipe do biatlo, o parlamento ucraniano parou as discussões e os deputados
cantaram o hino nacional.
O título conquistado pela equipe
ucraniana foi significativo não só pelo momento que o país vive. Este é o
primeiro ouro da Ucrânia em Jogos de Inverno depois de 20 anos. A última vez
que um representante havia sido campeão olímpico foi em 1994, com Oksana Bayul,
na patinação artística.
A medalha do biatlo foi a segunda
dos ucranianos em Sochi. Vita Semerenko, que também participou do revezamento, terminou
na terceira colocação na prova de velocidade do biatlo. Ela é a primeira atleta
da Ucrânia a ganhar mais de uma medalha em Jogos Olímpicos de Inverno.
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