Enquanto principal evento de MMA do mundo teve lutas incríveis e marcos históricos, cenário nacional foi marcado por morte de Leandro Feijão
Companheiros de equipe de Leandro Feijão
deixaram uma mensagem em sua
gaveta no
cemitério do Caju, no Rio de Janeiro:
"luta livre, sempre
MMA"
(Foto: Adriano Albuquerque)
Jon Jones e Alexander Gustafsson fizeram uma das
melhores lutas de 2013 (Foto: Getty Images)
melhores lutas de 2013 (Foto: Getty Images)
A "tocha" de melhor artista marcial misto do planeta foi passada a Jones antes, em 7 de julho, quando Chris Weidman derrubou o mito Anderson Silva do topo da categoria peso-médio. "Spider" reinou sobre a divisão por 11 lutas, ou seis anos, oito meses e 23 dias, e venceu outros cinco combates no Ultimate antes de encontrar o americano de 29 anos, nove a menos que ele, no evento principal do UFC 162, em Las Vegas. Tido como um lutador perfeito, praticamente uma criatura mitológica, o brasileiro brincou com Weidman no octógono por pouco mais de um round, como fez com tantos outros oponentes, buscando uma oportunidade de "liquidar a fatura". Todavia, Anderson extrapolou, fingiu estar "balançado" e, ao fazer a esquiva de um ataque desesperado do americano, não conseguiu escapar de um certeiro gancho de esquerda, que o nocauteou e chocou o mundo. Foi talvez a maior zebra da história do UFC.
A queda do Spider abriu as porteiras para uma sequência de lutas em que o cinturão ou mudou de mãos, ou ficou muito próximo disso. Primeiro, José Aldo fraturou o pé contra Chan Sung Jung e viu o "Zumbi Coreano" crescer no combate, até que um ombro deslocado acabou por trair o desafiante e ajudou o brasileiro a manter-se campeão peso-pena no UFC 163, no Rio de Janeiro, em agosto. Depois, no final do mês, Anthony Pettis entrou de última hora no evento principal do UFC 164 e, pela segunda vez, tirou o título de Benson Henderson, desta vez com uma chave de braço ainda no primeiro round. Em seguida, veio a épica luta entre Jones e Gustafsson, e a conclusão da trilogia entre Cain Velásquez e Junior Cigano no UFC 166. A vitória de Velásquez foi a mais decisiva e indiscutível dessa sequência.
Georges St-Pierre foi castigado por Johny
Hendricks no UFC 167 (Foto: Getty Images)
Se St-Pierre não perdeu o título para Hendricks, o próprio canadense deu fim ao seu reinado na categoria peso-meio-médio um mês depois, ao anunciar que se afastaria do esporte para cuidar de problemas pessoais e que devolveria o cinturão à organização. Se perder seu lutador mais popular já era ruim o suficiente, Dana White teve uma notícia pior ainda duas semanas depois, no UFC 168. O evento do dia 28 de dezembro deveria ser o desfecho perfeito para um ano espetacular para o Ultimate, com a luta mais esperada de 2013: a revanche entre Weidman e Anderson, acordada apenas uma semana depois do primeiro combate. Ninguém imaginava, porém, que o reencontro terminaria em anticlímax, com uma horrível lesão sofrida pelo brasileiro no segundo round. Ao tentar um chute baixo, Spider acertou o joelho do adversário, e sofreu uma fratura na fíbula e na tíbia. A forte imagem de Anderson gritando de dor, segurando seu pé solto, virou argumento para os detratores do esporte, assim como a morte de Leandro Feijão - que Anderson, aliás, disse ter conhecido pessoalmente. Foi como uma lembrança de que, apesar das grandes lutas e momentos que aconteceram em 2013, os lutadores ainda são humanos, e, num esporte que exige o máximo de sua dedicação física e até psicológica, merecem todo tipo de cuidado.
O PERSONAGEM
Amado ou odiado, celebrado ou criticado, Vitor Belfort voltou com tudo ao topo do esporte em 2013. Para seus fãs, o "velho leão" se renovou ao se juntar à equipe Blackzilians, na Flórida, e voltou ainda melhor do que o "Fenômeno" que assombrou o mundo aos 19 anos, no final da década de 1990. Com 36 anos de idade, Belfort apareceu para suas três lutas no ano com um físico invejável e mostrou uma habilidade até aqui inédita: o chute alto. Foi assim que nocauteou dois dos pesos-médios mais bem cotados do mundo, Michael Bisping e Luke Rockhold, e uma lenda do esporte, Dan Henderson. Em Rockhold, o carioca desferiu um incrível chute rodado no rosto, capaz de deixar até Edson Barboza orgulhoso. Em novembro, precisou de menos de dois minutos para fazer o que nem Anderson Silva, Wanderlei Silva, Maurício Shogun e Rodrigo Minotauro foram capazes: nocautear Henderson. Com tudo isso, ficou impossível para Dana White negar ao brasileiro uma nova oportunidade de disputar o cinturão - a quinta de sua carreira no UFC.
Vitor Belfort venceu todas suas três lutas do
ano por nocaute (Foto: Eduardo
Valente/Agência Estado)
Mais tarde, após bater Rockhold, se recusou a responder novas perguntas sobre a terapia e ainda pediu, em tom jocoso, que jornalistas brasileiros agredissem um colega de profissão estrangeiro que insistia nessa linha editorial. Ele se desculparia pessoalmente ao repórter dias depois.
Num ano de paradoxos, Belfort é o símbolo perfeito. Enquanto seu discurso cristão e de cidadão engajado conquista fãs de todas as idades, outros não aguentam o estilo "showman" do lutador ao pegar o microfone, desconfiam da sua postura e reclamam até do seu cabelo. A esses, o "jovem leão" provavelmente responderia que "nem Jesus Cristo agradou a todos". Fato é que, gostando ou não dele, os fãs de MMA terão de lidar com Vitor Belfort por mais algum tempo, graças a um 2013 de protagonismo para o atleta carioca.
O DIA-CHAVE
O dia 23 de fevereiro de 2013 estará para sempre marcado nos registros históricos do MMA como a data em que as mulheres enfim chegaram dentro do octógono do UFC, e não apenas como ring girls ou namoradas e esposas dos lutadores, mas como protagonistas do espetáculo. Anaheim recebeu a primeira luta entre mulheres nos 20 anos de trajetória do Ultimate, e Ronda Rousey confirmou o cinturão conquistado ainda no Strikeforce ao derrotar Liz Carmouche por finalização ainda no primeiro round. A partir daí, as lutadoras do peso-galo feminino rotineiramente roubaram o show nos eventos do UFC e no primeiro The Ultimate Fighter com disputas em categorias de ambos os sexos. O sucesso das meninas culminou no anúncio de uma segunda divisão feminina na organização, o peso-palha (até 52kg), a partir de 2014, quando um novo TUF vai coroar a primeira campeã da categoria.
LEMBRA DISSO?
Benson Henderson beija a noiva após fazer
o pedidode casamento dentro do cage
(Foto: Getty Images)
- Não sou perfeito, mas você me faz feliz todos os dias, me faz o homem que eu queria ser. Casa comigo? - disse Henderson à namorada, que disse "sim".
Quando veremos outro campeão noivar em pleno octógono? Talvez nunca mais. Bendo saiu da arena com o cinturão e com o anel.
A DECEPÇÃO
Num ano que viu o Strikeforce fazer seu último evento e fechar suas portas, dois torneios tentaram ocupar o espaço vago de "número 2 do mundo" no MMA. O World Series of Fighting (WSOF) realizou sete eventos em 2013 e, com um elenco formado em sua maioria pelas "sobras" do UFC, começará a se expandir internacionalmente em 2014, com eventos planejados para Nicarágua, Japão e Brasil. O Bellator, na ativa desde 2008, por sua vez, prometeu competir de igual para igual com o Ultimate neste ano e decepcionou.
Comprado pela Viacom, gigante das telecomunicações nos EUA, o torneio adotou nova logomarca neste ano e estreou no canal a cabo que era parceiro do UFC em seu país. Todavia, sua tentativa de emplacar um reality show como o The Ultimate Fighter, nomeado "Fight Master", não deu certo. Lutadores famosos contratados com expectativa de virarem astros da companhia, "King" Mo Lawal, Renato "Babalu" Sobral e Jon "War Machine" Koppenhaver ficaram pelo caminho nos torneios de suas respectivas categorias de peso, e Matt Riddle nem sequer lutou antes de ser demitido. No final do ano, a organização deixou seu campeão peso-meio-médio Ben Askren sair de graça com a expectativa de que ele iria para o UFC como uma espécie de "cavalo de Troia", mas Dana White o rejeitou e ele acabou assinando com o torneio asiático One FC.
Após meses de promoção, Tito Ortiz x Rampage
Jackson não aconteceu (Foto: Reprodução)
O Bellator ainda realizou grandes lutas em 2013, incluindo a revanche entre Michael Chandler e Eddie
Alvarez, cotada entre os melhores combates do ano, e teve outros momentos incríveis como os nocautes de Emanuel Newton sobre King Mo e de Douglas Lima em Ben Saunders. Para todos os propósitos, continua sendo o segundo maior evento de MMA do mundo. Todavia, não ganhou território na corrida para alcançar o UFC e ainda vê o WSOF se antecipando na disputa por exposição internacional.
OS MICOS
Carlos Alberto Lobo com o olho direito
grudado erestos de cola no rosto
(Foto: Ana Hissa)
Depois, em junho, foi a vez de o treinador Dedé Pederneiras tirar seu atleta, o peso-médio Ronny Markes, do TUF Brasil 2 Finale, em Fortaleza, momentos antes da pesagem. O técnico levava o lutador a um hotel para fazer banheira quente, parte do processo de corte de peso, quando bateu o carro alugado na traseira de um caminhão. Sentado no banco de carona, Markes sofreu uma concussão e lesionou as costas e o pescoço, ficando impossibilitado de lutar no dia seguinte.
A REVELAÇÃO
Conor McGregor em ação por cima de Max
Holloway, em agosto (Foto: Getty Images)
Holloway, em agosto (Foto: Getty Images)
O DEPOIMENTO
- Luto há muito tempo, são 21 lutas no UFC. Estou lutando em alto nível há muito tempo, lidando com muita pressão e muitas críticas. Sim, decidi que preciso de um tempo "off". Estou deixando vago meu cinturão. Um dia eu posso voltar, mas agora preciso de uma pausa - Georges St-Pierre, ao anunciar que abandonaria o título dos pesos-meio-médios do UFC.
OS NÚMEROS
US$ 6,2 milhões | 2.457 | 5h28m12s |
---|---|---|
renda arrecadada com o UFC 168, segundo maior valor da história do Ultimate nos EUA | dias, duração do reinado de Anderson Silva nos pesos-médios do UFC, encerrado em 7 de julho | tempo acumulado por Georges St-Pierre dentro do octógono do UFC, recorde da companhia |
A
foto de Anderson Silva agarrando seu pé solto após sofrer fratura na
revanche é muito forte e ainda está fresca na memória, mas a imagem do
ano é a que registra o fim de uma era: após acertar um gancho de
esquerda no queixo, Chris Weidman desabafa frente a uma plateia
incrédula, enquanto Anderson, ainda recobrando os sentidos, agarra as
pernas do árbitro Herb Dean, no final do evento principal do UFC 162, em
7 de julho, em Las Vegas. Foi a primeira derrota do Spider em 17 lutas
no octógono do Ultimate (Foto: Getty Images)
FONTE:
http://sportv.globo.com/site/combate/noticia/2014/01/retrospectiva-2013-ano-inesquecivel-para-o-ufc-e-de-tragedia-no-brasil.html
:
Nenhum comentário:
Postar um comentário