sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Por conquista, meninas abrem mão de cultura milenar de Ica: 'Objetivo é 2016'

Em busca da vaga no Mundial, Zé Roberto explica que seleção não terá tempo para conhecer a história da cidade, berço da civilização Paracas

Por Direto de Ica, Peru


Japão, Cazaquistão, Porto Rico, Tailândia, Coreia do Sul, Inglaterra, Itália, Suíça e agora Ica, no Peru. Em menos de dois anos, as meninas do Brasil rodaram o mundo em busca de conquistas e sonhos. E, apesar de terem o passaporte quase sem espaço, os jogos, treinos e viagens fazem com que praticamente não tenham tempo de conhecer a cultura e a beleza dos países que visitam. É assim também em Ica, cidade histórica no meio do deserto peruano. Os oásis, a cultura dos povos Paracas (de 700 a.C a 200 d.C) e Inca (1200 a 1533), o artesanato, a culinária, nada disso vai passar pelo roteiro de Sheilla & cia na semana de disputa do Sul-Americano feminino de vôlei. E elas já estão acostumadas a isso.

- Eu não posso falar nada da cidade, porque só treinei e fui para o hotel, não tive tempo de ver nada, de conhecer nada. Ainda não pude passear em Ica e é bem possível que isso realmente não aconteça até o dia de ir embora - explica Sheilla, que tem praticamente 11 anos de seleção e já rodou o mundo com a camisa verde e amarela.

Oásis na Laguna de Huacachina, em Ica, no Peru (Foto: Thierry Gozzer)Oásis na Laguna de Huacachina, em Ica, no Peru (Foto: Thierry Gozzer)

No caminho de Lima até Ica, de ônibus, foram 4 horas de uma cansativa viagem. As meninas passaram pela rodovia Panamerica, que corta o litoral, ao lado da Cordilheira dos Andes, passando por praias, desertos, dunas e vilas peruanas. Esse cenário talvez seja o máximo que Fabi terá no Peru.

A prioridade é o vôlei, é jogar, é ganhar os jogos. Estamos aqui para trabalhar e não se divertir"
Thaisa

- Eu nem sabia que Ica existia. A gente passou de ônibus, chegando na cidade e indo para os treinos, e você vê dunas no meio da cidade. É algo muito louco, mas é um pedacinho da história que conhecemos. Provavelmente é um lugar que eu nunca iria conhecer, mas o Sul-Americano proporciona isso - explica a líbero do Brasil.

Para Zé Roberto, essa privação faz parte do sacríficio das meninas em busca de recordes e conquistas que as deixarão marcadas pelo resto de suas vidas.

- Isso faz parte. É da rotina delas já. Desde o início da preparação elas sabem quais são as dificuldades que vão conviver, os sacrifícios que vão fazer para continuar essa hegemonia da América do Sul e entre as melhores seleções do mundo. Temos que chegar bem, nosso objetivo é 2016. Temos que lutar, treinar e trabalhar para chegar nas melhores condições no Rio de Janeiro - garante Zé Roberto.

Mosaico Deserto de Ica (Foto: Thierry Gozzer)
Cidade fundada por espanhóis
Ica completou 450 anos em 2013. A cidade foi fundada por espanhóis, por Gerónimo Luis de Cabrera, como Vila de Valverde, em 1563, e depois passou a se chamar Ica. Em 2005, no último censo, a população estava estimada em 220 mil habitantes. A 300km de Lima, capital do Peru, a cidade se destaca pela produção de vinho e Pisco, uma cachaça feita da uva. A produção de frutas também é marca da cidade, que sofreu bastante com o terremoto de 2007 do Peru, com 595 pessoas perdendo suas vidas.

volei Brasil x Colômbia (Foto: Estephanie Jaime Valle)Thaisa em ação no Sul-Americano em Ica, no Peru (Foto: Estephanie Jaime Valle)

As beleza naturais, porém, são inúmeras. A menos de 5km do Coliseo Cerrado ficam as Dunas de Huacachina, um oásis no meio do deserto, com restaurantes, passeios de bugre, sandboard e venda de artesanato local. A uma hora de carro, encontra-se o sítio arqueológico de Paracas, junto à praia, que guarda riquezas de uma das civilizações mais antigas do Peru, como múmias e resquícios do período pré-colombiano, além das linhas de Nazca, desenhos sulcados no solo que revelam imensas figuras geométricas e animais, que só podem ser vistas a uma altura de 300 metros do solo.
O pouco que as meninas levarão para casa é o que veem do caminho do hotel, logo na entrada da cidade, até o Coliseo Cerrado, ginásio do Sul-Americano de vôlei, passando pelas dunas que Fabi citou. Com um clima quente durante o dia e com o frio comum ao deserto à noite, elas não terão tempo mais uma vez, assim como no Grand Prix, já que os jogos são seguidos, sem folga.
- A gente nem reclama. Já sabe que essa é a nossa rotina. Às vezes, quando sobra uma folguinha, a gente até sai, faz um passeio. Mas para falar a verdade, em algumas situações isso nos deixa ainda mais cansadas, então não é tão bom. A prioridade é o vôlei, é jogar, é ganhar. Estamos nesses lugares para trabalhar e não para se divertir - diz Thaisa.

FONTE:
http://globoesporte.globo.com/volei/noticia/2013/09/por-conquista-meninas-abrem-mao-de-cultura-milenar-de-ica-objetivo-e-2016.html

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