Após 15 dias de trabalho, comandante rejuvenesce time, começa a afastar alguns jogadores, mas pede tempo para conhecer elenco e tomar decisões
Ainda em período de observação a alguns jogadores, a nova comissão pediu tempo para definir a barca que sairá de São Januário e enxugar o abarrotado vestiário, com a chegada de reforços como Fagner, Guiñazu e Juninho. Mas nomes como o goleiro Alessandro, o lateral Elsinho e o atacante Thiaguinho estão fora dos planos. O último, aliás, já treina até em separado do grupo. Os meias Dakson e Alisson, antes peças de destaque, foram sacados das relações contra o Flu e Criciúma e nem figuram mais entre os reservas nos coletivos.
O gol, a lateral e o ataque também sofreram alterações imediatas. Diogo Silva barrou Michel Alves e, até aqui, convence. O jovem Henrique agarrou a chance diante do Tricolor e tomou a frente momentânea do peruano Yotún, assim como Eder Luis recuperou seu posto e tem fôlego renovado para voltar a render, em detrimento de Tenorio e Edmílson, em seguida na concorrida luta na linha de frente - dois contratados (Reginaldo e Willie) nem estrearam.
Fica mesmo clara a característica de Dorival de pinçar opções da base, repetindo 2009, quando revelou Allan e Philippe Coutinho e deu moral a novatos como Ramon, Souza e Pimpão. De lado em São Januário desde janeiro, Jomar entrou na fogueira no domingo, causou a expulsão de Fred, foi seguro e vai deixar Renato Silva no banco no duelo frente ao Tigre. O meia Fábio Lima é outro que saltou na frente e participou do clássico no Maracanã.
Alguns que trabalharam com o treinador também sobem o elevador. Caso de Fillipe Soutto, revelado por ele no Atlético-MG, que se tornou o primeiro reserva. Prova disso foi sua promoção à equipe quando Wendel ficou fora da atividade de quarta-feira. E Pedro Ken, da época de Coritiba, que ganha função ofensiva e só está ameaçado pelo colombiano Montoya, ainda à espera da regularização. O brilho de André no Santos de 2010 também é sinal de confiança.
Preocupado com rótulos, a confirmação dos velhos conhecidos Fagner e Guiñazu, que certamente movimentarão esta gangorra cruz-maltina, fez Dorival avisar de antemão que não haverá vaga cativa.
- Valorizo muito o momento, procuro sempre deixar as coisas bem claras, que eles estarão brigando por posições. É importante já conhecer, temos o detalhamento maior do que o atleta pode fazer. Mas não quer dizer vantagem o fato de termos trabalhado lá atrás. Tenho aqui alguns que estariam chocando posições com quem chega, mas não tem prioridade - disse.
A referência serve para Nei e Sandro Silva, que estiveram lado a lado com o chefe no Inter, em 2011, e que terão de disputar lugar com os dois últimos reforços do Vasco. Há, por fim, a situação de Robinho, trazido como pedido de Dedé e que tinha poucas esperanças de entrar em campo. A passagem pelo clube em 2009 com o técnico, porém, deu novo ânimo, e o camisa 41 passou a integrar os coletivos entre os reservas e as listas para os jogos.
- Aos poucos vou conhecer a todos. Mas ainda não é possível falar em time ideal. Ainda estamos distantes disso. É muito cedo ainda. A titularidade dos jogadores é momentânea, sempre lembro isso. Quem está dentro tem que aproveitar da melhor maneira e quem está fora precisa brigar e pedir sua oportunidade - sentenciou o treinador, sexta-feira, questionado sobre se já visualiza um time titular com as mudanças que vêm fazendo.
A psicóloga do clube, Maria Helena Rodriguez, relatou o ambiente após as trocas de comando e admitiu que costuma conversar mais com os atletas para conter a ansiedade.
- É um momento em que eles ficam um pouco mais preocupados, agitados e pensam: "tenho que trabalhar mais, fazer mais". Tenho mais trabalho, sim, para controlar essa ansiedade, mas é normal. É algo que está dentro da competitividade e do futebol. Acontece com quem está jogando e com quem não está. Eles entendem o motivo das mudanças e assimilam bem - explicou a profissional, que repete a dobradinha com Dorival Júnior após o difícil ano da Série B e já foi procurada para bater um papo com o treinador na semana de sua chegada.
- É no dia a dia que você percebe a reação dos jogadores. Eles estão trabalhando com muita intensidade, e tenho certeza de que alguma coisa boa vai acontecer no momento certo - acrescentou Dorival, muito elogioso ao comprometimento que tem visto nas atividades.
Principal reforço recente, Juninho atrai a torcida de volta e mostra otimismo com a reconstrução do grupo mesmo em pleno mês de julho. A diretoria ainda sonha com um goleiro, um zagueiro e um lateral-esquerdo para fechar o ciclo e ir até o fim do ano.
- Eu percebo que o Vasco tem condição de jogar de igual para igual com qualquer um. Quando todos os reforços estiverem em ação e o grupo completo, com alguns jogadores revelados nas divisões de base, vamos estar bem fortes - apostou o Reizinho.
Fagner conversa com Dorival, com quem trabalhou em 2009 (Foto: Cezar Loureiro / Agência O Globo)
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