Coritiba é o mais prejudicado com 20 atletas machucados e132 ausências ao todo. Principal reclamação é com o número de partidas durante a temporada
Marcelo Oliveira teve que lidar com 132 ausências
no Coritiba (Foto: Marco Aurelio Garcia / RPCTV)
no Coritiba (Foto: Marco Aurelio Garcia / RPCTV)
- O Atlético-MG jogou 38 partidas e nós já jogamos 57. Então, isso representa 18 partidas a mais, é um excesso muito grande. Dá impressão no futebol brasileiro que as equipes que chegam às finais de seus campeonatos são punidas nesse sentido. (A quantidade de lesões) atrapalha muito porque mesmo que tenhamos um número grande de jogadores, tem que mudar sempre. Quebra um pouco o entrosamento do time - ponderou o técnico.
Desfalques por lesão | |
---|---|
Total | 1.578 |
Média por rodada |
83 |
Média por jogo |
8,3 |
Outro treinador que tem motivos para se lamentar é Oswaldo de Oliveira. O Botafogo já teve 19 atletas diferentes lesionados ao longo do primeiro turno e, no confronto deste domingo contra o Flamengo, Andrezinho e Brinner saíram contundidos.
- É uma coisa que vem causando desconforto. A cada jogo perdemos dois jogadores. Contra o Palmeiras foram o Antônio Carlos e o Rafael Marques. Contra o Flamengo, o Andrezinho e o Brinner. É o 15º jogo consecutivo que fazemos sem um espaço ideal para recuperação. Vamos ter que dar um jeito de superar estas dificuldades - reclamou Oswaldo de Oliveira.
Andrezinho deixa o Engenhão de muletas após partida contra o Fla (Foto: Richard Souza / Globoesporte.com)
- O pessoal fala muito do calendário e realmente temos muitos jogos, com uma média de 73 por ano, quando o ideal são 60. Existe uma má distribuição, com nove jogos em um mês e outro mês com cinco. Se adequassem o nosso calendário ao europeu, teríamos menos problemas. Quem tem atleta na Seleção também é prejudicado, já que os jogadores ficam fazendo um outro trabalho, diferente do clube. Alguns clubes ainda têm o fato da mudança de comissão técnica, que acaba propiciando e cria problemas, pois é difícil que o profissional siga o trabalho anterior e acaba mudando, fazendo com que o atleta tenha que se readaptar. Tem vários fatores que acabam propiciando. E acaba que, em agosto e setembro alguns jogadores ficam fadigados - afirmou.
Uma outra preocupação vem do estado dos gramados país afora. Questionado se o fato de o Morumbi estar conservado ajuda a manter o baixo número de atletas com lesão, o médico foi além:
- Sem dúvida acho que isso é um fator que ajuda positivamente, mas não é tão decisivo. Se tiver num terreno muito duro, fofo e irregular você está submetendo o atleta a um risco maior. Acho que o fator campo tem uma parcela razoavelmente grande em algumas lesões. Principalmente entorse e algumas mais graves. Isso há muito tempo estamos observando e influencia.
Não bastassem as ausências por conta por lesões, o quebra-cabeça do treinador fica ainda mais complicado quando algumas das peças estão fora por outros motivos. As suspensões são recorrentes entre os desfalques, já que o acúmulo de três cartões amarelos fazem com que o jogador esteja fora da rodada seguinte.
Nas rodadas 15 e 18, o técnico Marcelo Oliveira não contou com 12 atletas em cada uma delas, somando-se os dez lesionados e mais dois suspensos. Ou seja, mais de um time completo de desfalques.
Além disso, o fortalecimento do futebol nacional tem feito com que mais atletas sejam convocados e desfalquem suas equipes. Durante as Olimpíadas, Santos, Internacional e São Paulo não puderam contar com seus principais jogadores: Neymar, Ganso, Rafael Cabral, Oscar (que foi negociado com o Chelsea durante os Jogos), Leandro Damião e Lucas estavam no grupo medalha de prata em Londres.
Durante as Olimpíadas, Neymar desfalcou o Santos por 16 rodadas no Brasileirão (Foto: AFP)
Calendário é a maior reclamação
"Acreditamos que com um calendário como este é impossível qualquer tipo de adaptação e continuaremos seguindo no caminho da improvisação e do amadorismo, num país que se prepara para sediar o maior evento de futebol do planeta”. A afirmação é do preparador físico Glydiston Ananias, do Coritiba, publicada em um de seus artigos ainda no início de abril deste ano. A questão levantada não é nova, tampouco foi aclamada pela primeira vez no meio do futebol, mas gera discussões e comparações quanto ao tempo de preparação e descanso em relação ao futebol europeu.
Em uma conta rápida, o preparador imaginou o Coxa classificado para as finais do Campeonato Paranaense, Copa do Brasil e Sul-Americana e somou às 38 rodadas do Brasileiro. Na divisão pelo número de semanas do ano, chegou a apenas 3,3 dias por mês para realização de treinos e 1,66 partidas a cada sete dias. Ou seja, em uma temporada bem sucedida, há mais de um jogo e menos de um treino por semana. Isso sem contar o tempo gasto com viagens e conexões em aeroportos.
Finalista em duas competições, Chelsea disputou 61 jogos na última temporada (Foto: Reuters)
- Não tem como fugir das lesões. Há uma série de fatores que influenciam para que os atletas acabem sofrendo algum tipo de lesão. O tempo de preparação, por exemplo. Nós tivemos uma pré-temporada de apenas 15 dias antes do campeonato estadual. Isso é pouco para preparar o atleta para uma jornada que vai durar um ano inteiro. Na Europa, eles têm 30 dias para trabalhar. Com isso, tem que ter elenco, jogador de reposição - disse Glydiston Ananias.
De volta após sete anos jogando no futebol europeu, Luis Fabiano, do São Paulo, tem convivido com as lesões, que já o tiraram de sete das 19 rodadas do primeiro turno. Em entrevista ao programa Esporte Espetacular, da TV Globo, o atacante faz coro às reclamações com a sequência de jogos no Brasileirão.
- Eu vinha de um ritmo diferente, de jogar na Europa. No Brasil é um (jogo) atrás do outro, então são mais lesões de fadiga, de não recuperar, de não ter tempo de ter uma recuperação correta, de não conseguir recuperar o músculo. Isso vai acarretando esse tipo de lesão - ponderou.
Luis Fabiano tem sofrido com lesões após volta ao
Brasil (Foto: Sergio Gandolphi / Globoesporte.com)
Brasil (Foto: Sergio Gandolphi / Globoesporte.com)
- Existem algumas variáveis para determinar a carga de treinamentos para cada jogador. Uma delas é a idade. Também levamos em consideração o histórico de lesões do atleta. A gente analisa esses itens para dosar nos treinos. A exposição a horas de treinamento tem que ser menor para os atletas mais velhos. É inevitável, da condição humana. Por isso, o feedback de cada jogador é muito importante também, para que a gente saiba como ele está se sentindo e fazer o programa certo para cada um deles - analisa Glydston Ananias.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/brasileirao-serie-a/noticia/2012/08/quebra-cabecas-289-jogadores-lesionados-so-no-primeiro-turno.html
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