Americana de 34 anos quer encerrar com ouro uma trajetória marcada por títulos no vôlei de praia e aparições constantes no circuito das celebridades
Entre um ponto e outro, os olhos ficam semicerrados, e a concentração é
total. Quando o resultado já está definido, Misty May-Treanor relaxa,
se solta e fica pronta para roubar a cena nas circunstâncias mais
variadas. De brincadeiras com a companheira Kerri Walsh ao então
presidente George W. Bush, participações em programas de televisão e
passos arrojados na “Dança dos Famosos” americana, a atleta vira estrela
onipresente. Em Londres, May tentará manter o brilho pela última vez no
palco olímpico. A busca pelo tricampeonato marcará sua despedida do
cenário que a consagrou como uma defensora incansável e uma das mais
vitoriosas atletas da história do vôlei de praia.
“Walsh e May” soa quase como um nome só. Juntas desde 2001, as duas alcançaram o auge da carreira como algozes das brasileiras Adriana Behar e Shelda na final dos Jogos de Atenas
.
Quatro anos mais tarde, estragaram a festa das donas da casa e se tornaram as únicas bicampeãs olímpicas das areias em Pequim. A série de conquistas, porém, foi reduzida no último ciclo. Walsh teve dois filhos, e May sofreu uma séria lesão no tendão de Aquiles. Após a recuperação, precisou mudar seu jeito de jogar. E concluiu que a hora de parar deveria ser marcada.
- Kerri não diria isso, mas eu definitivamente me sinto mais velha.
Este será o meu último torneio. Acho egoísmo não passar o bastão para os
mais jovens. É a única forma de fazer o esporte crescer. Vou sentir
falta de muitas coisas, mas também estou cansada das viagens, e muitos
amigos não jogam mais. A vida nos oferece mais do que o voleibol, e
chegou a minha hora de seguir em frente – disse, em entrevista à agência
Associated Press.
O plano da americana era começar a aposentadoria na edição especial do programa “Dancing With The Stars”. Em 2008, logo após o ouro na China, May fez sucesso ao lado do professor Maksim Chmerkovckiy, mas abandonou a competição após romper o tendão de Aquiles durante um ensaio. Precisou de cirurgia, nove meses de recuperação que a afastaram das areias e da dança, paixão que nutre desde a infância. Para retornar ao show, fez até campanha com os fãs no Facebook, mas não recebeu uma segunda chance dos organizadores.
May nunca teve problemas com os holofotes. Muito pelo contrário. Tanto que, desde o início da carreira, sempre choveram convites para campanhas publicitárias, além de participações especiais em seriados e talk shows. A estreia como atriz foi em setembro de 2004, logo após a conquista em Atenas. Em Los Angeles, colocou a fantasia de mulher maravilha e gravou com o ator Jason George. Três anos depois, percorreu vários estúdios em Hollywood e fez a festa com as peças cenográficas.
Em quadra, habilidade e simplicidade
Registrada como Misty Elizabeth May, a americana nasceu em Los Angeles,
Califórnia, e cresceu jogando vôlei de praia com os pais, Bob “Butch” e
Barbara, no Santa Monica Pier. Aos 8 anos, disputou o primeiro torneio e
não parou mais. O esporte sempre foi incentivado pela família e, além
do vôlei (também se arriscava na quadra), a menina jogava ainda futebol,
tênis e frequentava uma academia de dança.
A jogadora começou a rodar o mundo profissionalmente ao lado de Holly McPeak. O primeiro torneio das duas foi no Brasil, em Salvador. Nos Jogos de Sydney, terminaram em quinto e encerraram a parceria. Em 2001, Kerri Walsh, ex-jogadora da quadra, se juntaria a May para formar um dos times mais vitoriosos da história do esporte. Além dos ouros olímpicos em Atenas e Pequim, as duas foram tricampeãs mundiais e venceram 39 das 78 etapas que disputaram pelo Circuito Mundial – foram 59 pódios nesta competição, ao todo.
Com a lesão no tendão de Aquiles esquerdo, May precisou operar e perdeu
a maior parte da temporada de 2009. Treinada pelo brasileiro Marcio
Sicoli, voltou a jogar ao lado de Nicole Branagh, mas o melhor resultado
internacional foi um bronze no Circuito. Mais pesada e com limitações
de movimento no pé, ela precisou reinventar-se na quadra. Quando Walsh
retornou após dar a luz a dois filhos, as duas retomaram a parceria e
voltaram a ser presença constante nos pódios. Neste ano, a americana
confirmou que se despediria do esporte de alto nível após os Jogos de
Londres – Walsh segue jogando, mas ainda não anunciou sua nova dupla.
Muito habilidosa, May sempre foi referência para as rivais. Além da qualidade e da versatilidade em quadra, é famosa pela simplicidade fora dela. É atenciosa com a imprensa e atende às solicitações dos fãs com boa vontade. Aos elogios, responde com um sorriso e referências as suas “professoras” brasileiras, em cujas trajetórias se espelhou.
- Adriana Behar e Shelda foram como professoras para nós. Cansaram de nos vencer mas, a cada vez, faziam nos superarmos e ficarmos melhores. Perdemos tantas vezes, fomos observando, aprendendo e nos tornarmos jogadoras melhores. Eu amava vê-las jogando, e pagaria muito dinheiro para vê-las jogando, assim como Jackie Silva. Havia um sentimento diferente com elas em quadra, um controle de bola e domínio do jogo únicos – contou, em entrevista ao GLOBOESPORTE.COM.
Misty May-Treanor quer mostrar pela última vez que aprendeu direitinho a lição. No dia 8 de agosto, data da final olímpica feminina do vôlei de praia, sonha gravar seu nome, pela terceira vez com letras douradas, na história da modalidade que ajudou a popularizar.
May brinca com o tradicional uniforme da guarda britânica: bom humor é marca da atleta (Foto: Getty Images)
“Walsh e May” soa quase como um nome só. Juntas desde 2001, as duas alcançaram o auge da carreira como algozes das brasileiras Adriana Behar e Shelda na final dos Jogos de Atenas
.
Quatro anos mais tarde, estragaram a festa das donas da casa e se tornaram as únicas bicampeãs olímpicas das areias em Pequim. A série de conquistas, porém, foi reduzida no último ciclo. Walsh teve dois filhos, e May sofreu uma séria lesão no tendão de Aquiles. Após a recuperação, precisou mudar seu jeito de jogar. E concluiu que a hora de parar deveria ser marcada.
No programa 'Dancing With The Stars': jogadora
dança desde criança (Foto: Reprodução / ABC.com)
dança desde criança (Foto: Reprodução / ABC.com)
O plano da americana era começar a aposentadoria na edição especial do programa “Dancing With The Stars”. Em 2008, logo após o ouro na China, May fez sucesso ao lado do professor Maksim Chmerkovckiy, mas abandonou a competição após romper o tendão de Aquiles durante um ensaio. Precisou de cirurgia, nove meses de recuperação que a afastaram das areias e da dança, paixão que nutre desde a infância. Para retornar ao show, fez até campanha com os fãs no Facebook, mas não recebeu uma segunda chance dos organizadores.
May nunca teve problemas com os holofotes. Muito pelo contrário. Tanto que, desde o início da carreira, sempre choveram convites para campanhas publicitárias, além de participações especiais em seriados e talk shows. A estreia como atriz foi em setembro de 2004, logo após a conquista em Atenas. Em Los Angeles, colocou a fantasia de mulher maravilha e gravou com o ator Jason George. Três anos depois, percorreu vários estúdios em Hollywood e fez a festa com as peças cenográficas.
Em estúdio de Hollywood, May brinca com máscaras cenográficas (Foto: Agência Getty Images)Mesmo quando sua vida pessoal está em foco, a atleta não se esconde.
Casada há oito anos com o jogador de basebol Matt Trean
or, May costuma
prestigiar os jogos do amado quando não está competindo. A cada
temporada, entra em quadra uniformizada, é aplaudida pela torcida do Los
Angeles Dodgers, e dá um beijo e um abraço de boa sorte antes de se
dirigir à tribuna de honra. Quando a jogadora voltar de Londres, o casal
irá se divertir em Las Vegas.
Em quadra, habilidade e simplicidade
Quando voltou de Pequim, May foi ao estádio do
Dodgers com a medalha (Foto: Getty Images)
Dodgers com a medalha (Foto: Getty Images)
A jogadora começou a rodar o mundo profissionalmente ao lado de Holly McPeak. O primeiro torneio das duas foi no Brasil, em Salvador. Nos Jogos de Sydney, terminaram em quinto e encerraram a parceria. Em 2001, Kerri Walsh, ex-jogadora da quadra, se juntaria a May para formar um dos times mais vitoriosos da história do esporte. Além dos ouros olímpicos em Atenas e Pequim, as duas foram tricampeãs mundiais e venceram 39 das 78 etapas que disputaram pelo Circuito Mundial – foram 59 pódios nesta competição, ao todo.
Pódio em Atenas: 1º ouro veio com vitória sobre as
'professoras' Adriana Behar e Shelda (Foto: COB)
'professoras' Adriana Behar e Shelda (Foto: COB)
Muito habilidosa, May sempre foi referência para as rivais. Além da qualidade e da versatilidade em quadra, é famosa pela simplicidade fora dela. É atenciosa com a imprensa e atende às solicitações dos fãs com boa vontade. Aos elogios, responde com um sorriso e referências as suas “professoras” brasileiras, em cujas trajetórias se espelhou.
- Adriana Behar e Shelda foram como professoras para nós. Cansaram de nos vencer mas, a cada vez, faziam nos superarmos e ficarmos melhores. Perdemos tantas vezes, fomos observando, aprendendo e nos tornarmos jogadoras melhores. Eu amava vê-las jogando, e pagaria muito dinheiro para vê-las jogando, assim como Jackie Silva. Havia um sentimento diferente com elas em quadra, um controle de bola e domínio do jogo únicos – contou, em entrevista ao GLOBOESPORTE.COM.
Misty May-Treanor quer mostrar pela última vez que aprendeu direitinho a lição. No dia 8 de agosto, data da final olímpica feminina do vôlei de praia, sonha gravar seu nome, pela terceira vez com letras douradas, na história da modalidade que ajudou a popularizar.
Única parceria bicampeã olímpica na praia chegará ao fim após Londres-2012 (Foto: Agência Getty Images)
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