sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Onde está 'el Brasileirón'? Gringos deixam de ser protagonistas em 2011

Estrangeiros têm queda de rendimento em relação às duas edições anteriores. Entre as decepções, estão Valdivia, Martinuccio e Victorino 
Por Fred Gomes Rio de Janeiro
 
conca e bruno cesar, prêmio craque do brasileirão (Foto: André Durão / Globoesporte.com)Conca levou o prêmio Craque Brasileirão em 2010
(Foto: André Durão / Globoesporte.com)
 
O Campeonato Brasileiro, que terminou no domingo com o Corinthians como campeão, perdeu um pouco do seu sotaque gringo. Em 2009 e 2010, os times que levantaram a taça tinham estrangeiros como destaque (o flamenguista Petkovic e o tricolor Conca), e o Prêmio Craque Brasileirão teve uma invasão de jogadores de fora do Brasil. Neste ano, o cenário mudou. O Timão só contou com o peruano Luis Ramírez na reserva, e a premiação da CBF teve apenas o cruzeirense Montillo e o botafoguense Loco Abreu como indicados - e nenhum deles venceu.

Entre a lista de decepções, estão o atacante Martinuccio (Fluminense), uma das sensações da última Libertadores, pelo Peñarol; o zagueiro Victorino, da seleção uruguaia; e o atacante Miralles, artilheiro no Colo Colo. Somente três estrangeiros tiveram no Brasileirão uma média acima de 6,0 no Troféu Armando Nogueira: o colorado D'Alessandro e os dois indicados à premiação da CBF.
O Atlético-PR foi um dos que não tiveram o retorno gringo esperado. Já tinha o equatoriano Guerrón e contratou o uruguaio Morro García - goleador do campeonato local - e o argentino Nieto. Nenhum deles foi bem na fraca campanha do time, rebaixado para a Segundona. O presidente Marcos Malucelli não acha que a aposta tenha sido errada.

- Ainda dá para apostar em estrangeiros da América do Sul, mas é preciso paciência para que se ambientem. O próprio Conca só foi estourar no Fluminense. Jogou no Vasco, foi bem, mas sem um maior brilho. O Valencia, que hoje está no Fluminense, demorou uns quatro meses para estrear aqui no Atlético. O Ferreira (outro colombiano de sucesso no Furacão) demorou seis. O Morro García não foi bem, mas terminou como artilheiro no Uruguai em duas temporadas seguidas. O Nieto, embora não tenha feito os gols que esperávamos, ganhou algumas partidas para nós. Aqui na América do Sul compramos mais jovens, e é mais barato do que trazer brasileiros retornando da Europa. A maioria volta com mais de 30 anos e sem motivação - alfinetou.

Gráfico gringos (Foto: arte esporte)
Também com três estrangeiros no elenco, o Fluminense teve melhor desempenho no Brasileiro e avançou à próxima Libertadores. Além de Valencia, contratou a promessa argentina Lanzini (River Plate), que alternou bons e maus jogos, e Martinuccio, que decepcionou. O vice de futebol Sandro Lima toca no mesmo ponto levantado por Malucelli: o da adaptação.
- O mercado brasileiro está muito forte em relação a outros times da América do Sul. O que pesa é a questão da adaptação. O Lanzini, um garoto de 18 anos, chegou e não sentiu a pressão, nos ajudando para caramba no Brasileiro. O Martinuccio veio de uma Libertadores muito boa, mas chegou com sua esposa grávida. Vários fatores influenciam na adaptação. Se o Cruzeiro tivesse sido campeão no ano passado, acredito que o Montillo seria o craque. Se a oportunidade for boa, vale a pena, sim - destacou.
Prêmio Craque Brasileirão
  Indicações Premiações
2005 4 4
2006 1 0
2007 4 2
2008 1 0
2009 7 3
2010 5 3
2011 2 0
OBS: não foram consideradas indicações para craque do campeonato, extintas após 2008.
Montillo é um caso de estrangeiro que não demorou a se adaptar. No mesmo ano em que chegou ao Cruzeiro, foi um dos destaques do Brasileirão, sendo eleito o melhor meia direita no Prêmio Craque Brasileirão. E outros estrangeiros, já adaptados, tiveram em 2011 queda de rendimento. O colorado Guiñazu, o botafoguense Herrera, o flamenguista Maldonado e o palmeirense Valdivia - talvez o mais valorizado entre os quatro - são alguns exemplos. Com exceção do argentino do Botafogo, todos já foram indicados para a seleção do campeonato. O chileno do Palmeiras, aliás, já concorreu até a craque da competição e da galera.
Se dirigentes brasileiros mostram-se receptivos à entrada de mais estrangeiros no Brasil, o empresário argentino Hugo de Benedetti - responsável pela transferência de Conca para o Vasco, em 2006 - garante que a recíproca é verdadeira:
- Pelo lado dos jogadores, posso dizer que é muito bom. Para os argentinos, por exemplo, é muito bom, principalmente na questão da formação. O argentino costuma jogar só uma vez por semana em seu país. No Brasil, em 14 dias, joga-se quase quatro vezes, e isso é muito bom na formação do jogador. É também interessante do ponto de vista econômico, pois o Brasil paga salários que muitos times da Europa não têm condições.

Confira os estrangeiros indicados a cada Prêmio Craque Brasileirão:Em negrito, estão os jogadores que venceram em suas categorias.
2005: Gamarra (Palmeiras), Lugano (São Paulo), Petkovic (Fluminense) e Tevez (Corinthians)
2006: Maldonado (Santos)
2007: Acosta (Náutico), Maldonado (Santos), Valdivia (Palmeiras); Acosta e Valdivia ainda concorreram a Craque do Brasileirão, e o palmeirense, também a Craque da Galera
2008: Guiñazu (Internacional)
2009: Armero (Palmeiras), Conca (Fluminense), Guiñazu (Inter), Maldonado (Flamengo), Petkovic (Flamengo); Conca e Petkovic ainda concorreram a Craque da Galera
2010: Conca (Fluminense), D'Alessandro (Inter), Loco Abreu (Botafogo), Montillo (Cruzeiro); Conca ainda concorreu a Craque da Galera
2011: Loco Abreu (Botafogo) e Montillo (Cruzeiro)

FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/brasileirao-serie-a/noticia/2011/12/onde-esta-el-brasileiron-gringos-deixam-de-ser-protagonistas-em-2011.html

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