A expressão, que surgiu em 1978, com o título paulista comandado por jovens talentos como Pita, Nilton Batata, Juary e João Paulo, ganhou o país em 2002, quando Diego e Robinho foram as estrelas de uma equipe que conquistou o Brasileirão com talentos precoces como Paulo Almeida, Renato, Elano e Alex. Parte deste grupo seria ainda campeão nacional novamente dois anos depois. A entressafra de oito anos até que Neymar e Ganso levassem o Peixe ao tri da Libertadores desta vez deve ser mais curta.
Nova geração de Meninos da Vila se diverte em ônibus antes de jogo (Pedro Veríssimo / Globoesporte.com)
- As características de jogo são um pouco diferentes. Esta equipe tem um coletivo muito forte. São jogadores que têm capacidade para desequilibrar, mas de forma mais simples, um "tira e bate". É assim com o Willians, Robertinho, Fernando, Leonardo, que é um lateral muito incisivo... – analisa Emerson Ballio, técnico da equipe.
Ex-comandante também da Sub-20, Ballio tem a experiência de ter trabalhado com grande parte dos jovens talentos que levaram o Santos ao status atual. Rafael, Alan Patrick, Adriano e, obviamente, Neymar, passaram por suas mãos e algumas semelhanças entre os dois grupos são evidentes.
- A maior semelhança está na personalidade com que eles jogam. É como na época do Neymar, Adriano, Alan Patrick, Rafael... E é o que tentamos passar para eles. Jogar no Santos não é fácil. É preciso estar preparado e ter ousadia, vontade de vencer.
Diversão dentro e fora de campo é obrigação
Destaque da geração, camisa 10 Gabriel ouve
orientações do treinador Emerson Ballio
(Foto: Cahê Mota / Globoesporte)
orientações do treinador Emerson Ballio
(Foto: Cahê Mota / Globoesporte)
- Temos um perfil diferente no Santos. Cada categoria tem uma forma diferenciada de trabalhar. Respeitamos muito esses níveis. Até para que o garoto possa se divertir. A cobrança é graduada, em forma de escala. A obrigação da base é formar, deixar o jogador pronto para que possa chegar ao profissional e seguir a carreira dentro da filosofia do clube.
E o chamado futebol moleque apresentado em campo é reflexo da postura descontraída que o grupo exibe fora dele. Assim como Diego, Robinho e Neymar sempre deixaram transparecer, a diversão é parte natural do processo de formação santista. Durante a Copa Brasil Sub-15, o GLOBOESPORTE.COM invadiu o alojamento em Apucarana (PR) para conhecer de perto a realidade da garotada.
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De cara, o atacante Matheus, apelidado de Manga e eleito destaque da competição, assumiu o microfone para apresentar os companheiros e deixa-los à vontade. No lugar de nomes, porém, surgiram alcunhas como Chuck, Cabeça de Balão, Cabelo de Arame, Pit-Bitoca, Lobão, Paraguaio, Oséias, Cabeça de Batata, Cobra, Filho do Elano , Boca de Caçapa, Faixa e Mutante. Cópia fiel do volante Elano, o também volante Juninho Citta foi um dos principais alvos da brincadeira.- Olha o nariz dele! Ele puxa todo ar. Acaba faltando oxigênio – se divertiu Manga.
Elaninho, como é chamado, encara a situação com bom humor e admite que a conduta é, sim, inspirada nos ídolos do profissional.
- É um estimulo. Procuramos nos inspirar nessas gerações para subir como eles subiram e ter sucesso. O Santos usa muito a base e isso é um incentivo a mais. Procuramos seguir o exemplo do profissional. Acaba saindo o futebol bonito, com show. Ousado e alegre. Acaba se transformando em vitórias.
No repertório: caneta, elástico, chapéu e dancinhas
Entre provocações e conversas pelo Twitter, outro passatempo inspirado em Neymar, as dancinhas fazem parte do cotidiano. O coreógrafo do grupo é o lateral-direito Juninho Baiano. No clube desde o fim de 2010, ele é o responsável por atualizar os companheiros com os sucessos da terra do axé, sempre presentes nas comemorações de gol.
Dancinhas fazem parte da rotina da garotada sub-15 também (Foto: Cahê Mota / Globoesporte.com)
- Dentro do alojamento é quase que um quartel. É tudo pré-determinado. Horário para acordar, dormir, comer... São moleques bons, de coração bom e que querem alcançar um objetivo. Nosso papel é orientar. Eles só estão no infantil ainda. Tem muita caminhada pela frente. É só um começo – analisa Agnaldo Gonçalves, segurança da equipe profissional que estava emprestado para o Sub-15 durante a competição.
Tentamos meter gol, dancinha, chapéu, caneta, elástico..."
Willians, meia
- Tentamos meter gol, dancinha, chapéu, caneta, elástico... – revela Willians.
- Sempre me inspirei no Robinho, nas pedalas. Não pode faltar em nenhum jogo – completa Thiaguinho.
O histórico dos Meninos da Vila acaba contribuindo até mesmo para a captação de talentos. Pai do camisa 10 Gabriel, principal aposta desde Neymar, Valdemir Almeida aponta o Peixe como caminho natural para jovens talentos no cenário atual.
- É uma tradição do Santos aproveitar os garotos da base. Foi com Robinho, Diego, e virou uma tradição. Qual garoto não quer jogar no clube hoje? É um clube que revela talentos para o mundo inteiro.
Teoria comprovada em campo nos últimos anos e definida em poucas palavras pelo técnico Emerson Ballio:
- Isso é Santos.
Brincadeira tem hora: antes da preleção, garotada adota seriedade (Pedro Veríssimo / Globoesporte.com)
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