FONTE:
http://www.conversaafiada.com.br/brasil/professores-vao-a-desobediencia-civil
Traíra não vai paralisar o Brasil!
Na foto, o inicio da Guerra Civil, em Brasília!
O Conversa Afiada reproduz nota de Maria Izabel Azevedo Noronha, presidenta do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial de São Paulo (APEOESP):
Não vamos permitir que Temer paralise o Brasil
A aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 55 no Senado Federal neste dia 13 de dezembro se constitui num dos maiores crimes do Estado e da elite contra o povo brasileiro. Esta PEC congela por vinte anos os investimentos públicos e significará o desmonte de todos os serviços públicos, com violentos impactos na educação, na saúde, na seguridade social, habitação, programas sociais e no conjunto da economia, tendo em vista a redução total do insubstituível papel do Estado como indutor do desenvolvimento nacional.
Por infeliz coincidência, a data da aprovação da “PEC da morte” coincide com a data da criação, em 1968, do Ato Institucional nº 5, medida autoritária que inaugurou a fase mais repressiva e sangrenta da ditadura militar brasileira.
O comportamento dos deputados e senadores, os mesmos que cassaram o mandato da presidenta legítima do Brasil num falso processo de impeachment (porque não houve crime que o justificasse), na mesma semana em que o início da delação premiada da Odebrecht implicou o presidente ilegítimo Michel Temer, ministros, governador, deputados e senadores em graves denúncias de corrupção, mostram o quanto o parlamento está divorciado da população e se configura como um obstáculo ao futuro do nosso povo.
A PEC 55 foi qualificada por Philip Alston, relator da ONU para pobreza extrema, como uma "medida radical, desprovida de toda nuance e compaixão". Ele disse também que vai atingir com mais força os brasileiros mais pobres e mais vulneráveis, aumentando os níveis de desigualdade em uma sociedade já extremamente desigual e, definitivamente, assinala que para o Brasil os direitos sociais terão muito baixa prioridade nos próximos vinte anos. De acordo com o relator da ONU, a PEC 55 viola o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais ratificado em 1992.
Nada, entretanto, foi capaz de deter a mão destruidora do governo Temer, que mandou reprimir com violência as manifestações contrárias (como as que ocorreram no dia 29 de setembro em Brasília) e está fazendo tramitar no Congresso Nacional outras medidas que vão no sentido da retirada de direitos, redução da capacidade do Estado, sucateamento dos serviços públicos, indução à reconcentração da renda nacional, extinção de programas sociais e desregulamentação total das relações trabalhistas, para facilitar a exploração dos trabalhadores e o aumento das taxas de lucros, fazendo recair sobre a classe trabalhadora os efeitos da crise.
A PEC 55 vem acompanhada da reforma da previdência, reforma do ensino médio, PLP 257 (que impede concursos e contratações e aumentos salariais no setor público), reforma trabalhista, para retirar direitos históricos como 13º salário, 1/3 sobre as férias, a multa sobre o FGTS nos casos de dispensa imotivada; e fazer prevalecer em todos os casos o negociado sobre o legislado, ou seja, a força do patrão vai se impor aos trabalhadores, sem garantia legal de direitos.
Este é o país que os golpistas estão impondo aos brasileiros. Para isto depuseram Dilma Rousseff. Para isto estabeleceram durante todo o seu segundo mandato, enquanto durou, a prevalência do legislativo sobre o executivo, impedindo-a de governar. Criaram uma situação de paralisia e agora criam o caos e o sucateamento do Estado, para justificar terceirizações, privatizações e transferências de serviços públicos para a iniciativa privada, ao mesmo tempo em que os recursos do Estado, antes destinados às políticas públicas, migrem para o setor financeiro, por meio do pagamento de juros altos, serviços de previdência privada em larga escala e outros negócios.
Nós, trabalhadores e trabalhadoras, do serviço público e das empresas privadas, sempre lutamos contra as legislações que nos prejudicam, sempre reivindicamos nossos direitos e, mesmo sob ditadura, nunca aceitamos passivamente a mão pesada dos governos autoritários sobre as nossas cabeças. Não nos calaremos agora e não aceitaremos mais esta imposição. Não nos dobraremos à vontade de um governo tirano e opressor. Contra ele nos mobilizaremos, iremos à greve, utilizaremos a desobediência civil, instrumento legítimo na luta contra a opressão.
Lutaremos como nunca. Reivindicaremos ainda mais, em defesa de nossos direitos e das futuras gerações.
Maria Izabel Azevedo Noronha
Presidenta da APEOESP (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial de São Paulo)
Presidenta da APEOESP (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial de São Paulo)
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