quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Caso Fifa: com Marin, cinco dos 14 indiciados estão em prisão domiciliar


Brasileiro e mais três estão nos EUA e novos depoimentos podem ter impacto no caso do ex-presidente da CBF. Warner, Margulies, e irmãos Jinkins estão em liberdade




Por
Nova York e Rio de Janeiro


Tabela - indiciados pelos EUA Fifa FBI Marin (Foto: Globoesporte.com)

José Maria Marin é o quarto dos 14 indicados na investigação da Justiça americana a cumprir prisão domiciliar nos Estados Unidos, enquanto aguarda o julgamento de primeira instância. Os outros três são o ex-presidente da Traffic USA, Aaron Davidson; o ex-vice-presidente da Fifa e ex-presidente da Concacaf, Jeffrey Webb; e o empresário argentino dono da Torneos y Competencias, Alejandro Burzaco. Há ainda uma pessoa na mesma situação, mas em outro país: o paraguaio Nicolas Leoz, ex-presidente da Conmebol, no Paraguai.

Os empresários argentinos Hugo e Mariano Jinkins, da empresa de marketing Full Play Group SA foram liberados da prisão domiciliar na Argentina, mas são obrigados a não se afastar mais de 60km da corte e informar as autoridades se forem ficar mais de 24 horas fora de casa. Full Play, TyC e Traffic formaram a Datisa, empresa que quatro dias depois da fundação conseguiu os direitos sobre quatro edições da Copa América.

Na investigação da Justiça americana sobre corrupção no futebol mundial, sete dirigentes foram presos no dia 27 de maio em Zurique. Apenas Marin e Webb foram extraditados para os EUA. Os outros cinco ainda estão na prisão na Suíça: o venezuelano Rafael Esquivel, presidente da federação venezuelana; o nicaraguense Julio Rocha, mandatário da associação do seu país; o uruguaio Eugênio Figueiredo, ex-presidente da Conmebol; o costarriquenho Eduardo Li, presidente da federação da Costa Rica; e o inglês Costa Takkas, adido do ex-presidente da Concacaf, Webb.

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Fila na porta da Trump Tower (casa do Marin) - lançamento livro de Donald Trump (Foto: Martin Fernandez)
José Maria Marin está em seu apartamento 
na Trump Tower, em Nova York 
(Foto: Martin Fernandez)


Além dos irmãos argentinos, outros dois dos 14 indiciados estão em liberdade: Jack Warner, ex-presidente da Concacaf e ex-vice da Fifa, que se encontra no seu país, Trinidad e Tobago, e o brasileiro José Margulies, ou José Lázaro, ex-Traffic, que está no Brasil e é procurado pela Interpol. Todos são acusados de envolvimento em um esquema de propinas que teria movimentado cerca de US$ 110 milhões. Enquanto a próxima audiência de Marin foi marcada para 16 de dezembro, os outros três que cumprem prisão domiciliar nos EUA serão ouvidos no dia 18 deste mês, com audiências marcadas para o mesmo horário e local (não há confirmação, contudo, se os três serão ouvidos na mesma sessão).

Os valores de fiança variaram. Davidson gastou US$ 5 milhões, Webb pagou US$ 10 milhões, Marin teve de garantir o valor de US$ 15 milhões, e a conta para liberdade sob vigilância de Burzaco chegou a US$ 20 milhões. Os advogados de Davidson negociam um acordo de colaboração com a Justiça, o que poderia afetar diretamente o caso de Marin.

Entre estes quatro, Webb foi o que se mostrou mais frágil diante da mordida. Além de bens de familiares, teve de entregar carros, relógios, e até joias de sua esposa para deixar o cárcere. Depois, já cumprindo prisão domiciliar, teve o pedido de mudança para o estado da Georgia, onde tem residência, aceito. Alegou que não tinha mais condições de arcar com o custo de vida em Nova York e as despesas com a vigilância do FBI e de uma empresa privada aprovada pelo órgão americano - essa segurança inclui vigilância 24 horas do local onde estava em Nova York, escolta para audiências e reuniões com advogados, além de vigilância por GPS. Todos os que cumprem prisão domiciliar precisam arcar com esses custos e informar qualquer deslocamento por escrito ao FBI, mesmo no caso de uma consulta médica (há exceções para emergência) ou visita a uma igreja.

José Maria Marin em Nova York (Foto: REUTERS/Lucas Jackson)
Marin chegou a Nova York na terça-feira: 
fiança de US$ 15 milhões (Foto:
 REUTERS/Lucas Jackson)


Dos sete dirigentes ligados à Fifa que foram presos em Zurique no dia 27 de maio, cinco continuam a contestar a extradição: Costa Takkas, Eduardo Li, Eugenio Figueiredo, Rafael Esquivel e Julio Rocha. O caso deste último teve uma peculiaridade: a Nicarágua, seu país natal e onde presidiu a federação nacional de futebol, fez um pedido por sua extradição após o mesmo pedido ter sido feito pelos EUA.

Coube à Justiça Federal da Suíça (FOJ, na sigla em inglês) arbitrar sobre qual pedido teria prioridade, já que os americanos não concordaram em abrir mão da extradição para o seu território. A decisão foi de concordar com o pedido americano. Todos eles, no momento, recorrem das decisões. Inicialmente, o recurso é feito na própria FOJ e há possibilidade ainda de um segundo recurso, à Suprema Corte, mas nesse caso seria necessário comprovar algum tipo de falha no processo.


Jack Warner (Foto: Andrea de Silva/Reuters)
Jack Warner se apresentou à polícia 
em Trinidad e Tobago, mas está 
solto em seu país (Foto: Andrea 
de Silva/Reuters)


Os demais indiciados foram presos ou se entregaram em diversos lugares do planeta. No Paraguai, Nicolaz Leoz, ex-presidente da Conmebol, cumpre prisão domiciliar. Hugo e Mariano Jinkis se entregaram na Argentina e cumpriram prisão domiciliar, mas foram já foram liberados, sob algumas condições, ficar no máximo a 60km da corte e notificar autoridades no caso de mais de 24 horas fora de casa. Os três respondem a pedido de extradição para os EUA. Hugo e Mariano se entregaram na Argentina em junho. Leoz teve a sua casa em Assunção cercada pela polícia com um mandado de prisão domiciliar assim que deixou uma clínica, onde estava internado, no início de junho.

Dos dois acusados que continuam em liberdade, Jack Warner, ex-vice-presidente da Fifa, se entregou às autoridades em Trinidad e Tobago no mesmo dia em que os sete cartolas foram presos em Zurique, na Suíça - 27 de maio. Obteve fiança com pagamento de US$ 2,5 milhões. Chegou a passar uma noite na prisão. Warner, de 72 anos, também teve sua extradição para os EUA solicitada. Ele era deputado em Trinidad e Tobago, mas perdeu seu assento no Parlamento, de acordo com o "The Guardian". Ele foi banido pela Fifa por toda a vida de qualquer atividade relacionada ao futebol. Uma nova audiência sobre o seu caso deve acontecer em 2 de dezembro, em Trinidad e Tobago.

Por fim, José Marguilles, ou José Lázaro, continua em liberdade no Brasil. Ele teve alerta de pedido de prisão emitido no site da Interpol. Em entrevista ao GloboEsporte.com por telefone, publicada no dia 8 de setembro, ele afirmou:

 - Facilitei alguma coisa, mas estou livre.

Nascido na Argentina e cidadão brasileiro desde 1973, ele é acusado de movimentar milhões de dólares entre empresas de marketing esportivo e facilitar o pagamento de propinas a dirigente de futebol. Ele foi o único a não ter sido preso ou ter se apresentado às autoridades após as acusações. E justificou:

- Estou citado, mas não tem nada contra mim.

Jose Marguiles - procurado Interpol (Foto: Reprodução)
Interpol colocou Margulies na lista de procurados:
 empresário está no Brasil após o escândalo 
 (Foto: Reprodução)


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