Ponteira desabafa sobre a sensação ruim de ter um espaço em branco ao lado de seu nome nas competições e não descarta mudança de país
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Uma das principais jogadoras de vôlei do Brasil, Jaqueline
não se conforma com a situação vivida por ela e por outras estrelas do
esporte no país. A ponteira bicampeã olímpica, que não quer jogar no
exterior, segue sem opções de clube para atuar em casa. A partir do dia
1° de agosto, a mãe de Arthur disputará mais uma edição do Grand Prix
2014 com a seleção brasileira e, desta vez, terá de se acostumar com o
espaço em branco ao lado do seu nome.
- É muito ruim.
Você imagina sair a lista das jogadoras e colocarem:
“Jaqueline - sem
clube”. É horrível isso. Nunca passei por isso na minha vida. Mas,
infelizmente, estou passando. A gente sabe que essa é a nossa realidade
aqui no Brasil. Infelizmente, a gente não tem ninguém que possa nos
ajudar. Então, o negócio é fechar os olhos e deixar as coisas
acontecerem. Já estou cansada de ficar reclamando. Estou cansada de
ouvir as pessoas falando: “Jaque chorona”, ou então “Sheilla chorona”,
“Thaisa chorona”... A gente cansou. Vai todo mundo embora mesmo e depois
todo mundo repensa o que vai fazer – desabafou a ponteira, nesta
quarta-feira, após o último treino da seleção no Centro de
Desenvolvimento de Saquarema antes da disputa da primeira etapa do Grand
Prix, na Itália.
Jaqueline durante treino da seleção
feminina de vôlei em Saquarema
(Foto: Alexandre Arruda / CBV)
Após
ficar o último ano todo afastada das quadras para dar à luz o seu
primeiro filho, Jaqueline esperava voltar a jogar no Osasco, ou em outro
clube brasileiro. Mas uma mudança no sistema do ranking oficial da
Superliga feminina alterou os rumos de sua carreira. Até a última
temporada, cada time poderia ter até três atletas de pontuação 7, a
máxima possível. Porém, na temporada 2014/2015, cada equipe poderá ter
somente duas atletas com esta pontuação. As novas regras estreitaram o
mercado para algumas estrelas bicampeãs olímpicas, como Jaque, Sheilla e
Thaisa.
A saída encontrada por boa parte das
jogadoras da seleção foi acertar com clubes internacionais. Com o filho
ainda pequeno, de apenas 7 meses, Jaqueline tenta resistir como pode a
essa mudança de país. Mas sua transferência para um time de fora parece
cada vez mais inevitável.
Jaqueline lamenta falta de clube e não descarta mudar para outro país (Alexandre Arruda / CBV)
-
O futuro a Deus pertence. Eu recebi muitas propostas fora do Brasil.
Fiquei até muito feliz. Mas tenho um filho pequeno, e meu marido está no
Sesi-SP. Então, estou repensando algumas coisas. Talvez no fim do ano
eu vá para algum canto. Não posso ficar sem jogar – lembrou.
Mais
uma vez a experiente ponteira de 30 anos lamentou a situação do vôlei
no Brasil. Para Jaqueline, as jogadoras brasileiras são mais valorizadas
por forças internacionais do esporte, como Rússia, Itália e Turquia, do
que pelo próprio país de origem.
- É engraçado como a
gente é valorizado lá fora. Aqui no Brasil a gente não tem essa
valorização. Eu fico muito triste com isso. Em vez das equipes abrirem
as portas, elas estão fechando. Eles estão diminuindo a valorização.
Então, vai todo mundo embora mesmo. Infelizmente, o campeonato no Brasil
pode ficar sem suas grandes estrelas.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/volei/noticia/2014/07/ainda-sem-clube-jaqueline-lamenta-nunca-passei-por-isso-na-minha-vida.html
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