Seleção masculina de basquete cai diante dos carrascos nas quartas de final em Londres e não consegue quebrar jejum de 44 anos sem semifinal olímpica
Pegar o elevador com os melhores já era missão cumprida. Com jogos de
igual para igual, vitórias emblemáticas e feitos impensáveis até pouco
tempo atrás, as coisas caminhavam bem, obrigado, para o basquete
brasileiro. O problema é que, na entrada da sala VIP, onde só os
gigantes circulam, sempre tem um segurança chato e catimbeiro, que
insiste em sorrir com o canto da boca, coçar as costeletas e decretar em
sotaque portenho: "¡No pasarán!". Nesta quarta-feira, o Brasil foi
barrado ali outra vez. Com uma derrota doída por 82 a 77 para a carrasca
Argentina, a seleção de Rubén Magnano se despede das Olimpíadas de
Londres. E continua procurando uma maneira de se esgueirar pela porta
que leva à elite da bola laranja.
- Jogamos bem a principio e conseguimos uma vantagem muito importante que chegou a ser de 15 pontos. O Brasil teve uma investida, mas conseguimos aguentar – afirmou Luis Scola em entrevista ao SporTV.
Pela primeira vez jogando na Arena North Greenwich, que passa a receber
o torneio na fase decisiva, o basquete masculino do Brasil perseguia
sua primeira semifinal olímpica desde 1968, quando ficou em quarto
lugar. Não deu. Ok, o jejum de 16 anos sem participações nos Jogos foi
quebrado, a evolução na quadra foi evidente, mas o tal segurança
marrento estava lá de novo, e por trás dele vinham Scola, Ginóbili,
Nocioni, Delfino, Prigioni, gente acostumada a castigar quem veste verde
e amarelo.
Como não há disputa de quinto a oitavo em Londres, resta aos
brasileiros tomar o avião de volta. Assim como fez após cruzar com os
hermanos no Pré-Olímpico de Las Vegas em 2007, no Mundial da Turquia em
2010 e na final do Pré de Mar del Plata no ano passado. A Argentina
avança para enfrentar os Estados Unidos, a não ser que a zebra
australiana apronte no confronto das 18h15m (de Brasília). Na outra
semi, Espanha e Rússia medem forças. O SporTV transmite ao vivo, e o
GLOBOESPORTE.COM acompanha mais este drama em Tempo Real.
Na gigantesca North Greenwich, ocupar os 20 mil lugares é tarefa árdua para qualquer multidão de basqueteiros. Sobravam lugares azuis vazios nas arquibancadas, mas a parte de cima, mais barata, estava cheia. Foi lá que os argentinos se empoleiraram para cantar o tempo todo, como de hábito. Lá de longe, viram Splitter ganhar o primeiro duelo com Scola, no tapinha inicial. No fim, o argentino triunfaria, mais uma vez como cestinha da equipe, com 17 pontos, seguido pelos 16 de Delfino e Ginóbili. Huertas e Leandrinho comandaram o Brasil com 22 cada.
Foi Huertas que tratou de fazer a primeira cesta com pressa, numa
prévia do que estava por vir no período inicial. Scola logo deu o troco
com um arremesso por cima de Tiago. Terminou o período com seis pontos,
sem errar um chute sequer, mas com duas faltas. Leandrinho também fez
suas duas e pouco depois foi para o banco. Mas não fez falta como
cestinha, porque Huertas colocou o ataque nas costas. Com 13 pontos, o
armador manteve o Brasil à frente quase o tempo todo. Quando Delfino
acertou duas seguidas de três, ele respondeu na mesma moeda. E o quarto
só não terminou de forma espetacular porque o arremesso de Larry Taylor
do meio da rua, no estouro do relógio, carimbou o aro. Para o Brasil,
estava bonito: 26 a 23.
Com a mão certeira de Delfino, que pulou para 11 pontos, a Argentina
abriu cinco no início do segundo período. E a torcida cantava, cantava,
cantava, ignorando a trilha sonora pop a cada bola parada. Nenê enfim se
soltou com uma cravada a dois minutos do fim, mas na defesa não
conseguia impedir os arremessos de Scola e Juan Gutiérrez. Huertas ainda
brilhava no ataque, com 17 pontos antes do intervalo, mas o resto do
time não conseguia acompanhá-lo. Leandrinho, figura quase nula, errou
dois lances livres a dez segundos do fim do primeiro tempo. E a atuação
verde-amarela despencou de nível. Com 14 de Delfino e dez de Scola, os
hermanos foram para o descanso vencendo por 46 a 40.
O placar até que não tinha fugido do controle, mas ficou a impressão de que o Brasil esqueceu de voltar para o terceiro quarto. Ligada, a Argentina jogou a vantagem para oito com uma cesta de Nocioni e para dez com uma bandeja de Ginóbili. Chegou a 12, enquanto do outro lado Alex errava bandeja, Leandrinho entortava os arremessos. Magnano ainda tentou mudar lançando Marcelinho Machado, mas não adiantou. O que era uma diferença ameaçou se transformar em abismo quando chegou a 15. Para evitar o pior, a seleção ainda cortou para oito, mas nada além disso. A última bola, de Leo Gutiérrez, ainda ficou encravada entre o aro e a tabela. Igualzinho ao basquete que o Brasil jogava naquele momento. Na virada para o último período, Argentina 64 a 54.
Veio então uma sequência emblemática. Com a chance de cortar para cinco pontos, Machado soltou um arremesso de três em que a bola se estatelou na tabela, sem sequer rapar no aro. Do outro lado da quadra, Scola soltou uma bola suave de chuá e abriu dez de novo.
Ainda assim, a diferença foi caindo. Para quatro com uma cesta de Nenê, na marra. Podia ter ido a dois se Leandrinho não tivesse errado uma bandeja absolutamente livre, mas Alex consertou a lambança em seguida: 70 a 68, faltando quatro minutos. O problema é que, na sequência, o próprio Alex fez uma falta de ataque e chutou torta uma bola de três. Magnano chamou o time para conversar com 2m27s no relógio, meia dúzia de pontos atrás.
Leandrinho calibrou a mão e acertou de três. O jogo ficou tenso, com os dois ataques pensando duas, três, quatro vezes antes de definir. Tanto que já no minuto final, Huertas teve de forçar um tiro de três, que mal bateu no aro. Manu, com a calma dos seus 35 anos, guardou dois lances livres para abrir cinco. Scola fez o mesmo para abrir sete, depois nove. Estava selado o destino brasileiro em Londres. E o cenário não era muito diferente do que vinha acontecendo nos últimos anos: campanha digna que esbarra no incômodo sotaque castelhano.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/olimpiadas/noticia/2012/08/na-porta-da-elite-brasil-e-barrado-de-novo-pela-argentina-e-volta-para-casa.html
- Jogamos bem a principio e conseguimos uma vantagem muito importante que chegou a ser de 15 pontos. O Brasil teve uma investida, mas conseguimos aguentar – afirmou Luis Scola em entrevista ao SporTV.
Jogadores da seleção brasileira não escondem a decepção no banco de reservas (Foto: Agência Reuters)
Argentinos comemoram, enquanto os brasileiros
observam ao fundo (Foto: Agência Reuters)
observam ao fundo (Foto: Agência Reuters)
Na gigantesca North Greenwich, ocupar os 20 mil lugares é tarefa árdua para qualquer multidão de basqueteiros. Sobravam lugares azuis vazios nas arquibancadas, mas a parte de cima, mais barata, estava cheia. Foi lá que os argentinos se empoleiraram para cantar o tempo todo, como de hábito. Lá de longe, viram Splitter ganhar o primeiro duelo com Scola, no tapinha inicial. No fim, o argentino triunfaria, mais uma vez como cestinha da equipe, com 17 pontos, seguido pelos 16 de Delfino e Ginóbili. Huertas e Leandrinho comandaram o Brasil com 22 cada.
No fim das contas, para variar, quem ficou com a bola foi a Argentina de Ginóbili (Foto: Agência Reuters)
O técnico Rubén Magnano faz cara feia durante a
derrota brasileira (Foto: Getty Images)
derrota brasileira (Foto: Getty Images)
O placar até que não tinha fugido do controle, mas ficou a impressão de que o Brasil esqueceu de voltar para o terceiro quarto. Ligada, a Argentina jogou a vantagem para oito com uma cesta de Nocioni e para dez com uma bandeja de Ginóbili. Chegou a 12, enquanto do outro lado Alex errava bandeja, Leandrinho entortava os arremessos. Magnano ainda tentou mudar lançando Marcelinho Machado, mas não adiantou. O que era uma diferença ameaçou se transformar em abismo quando chegou a 15. Para evitar o pior, a seleção ainda cortou para oito, mas nada além disso. A última bola, de Leo Gutiérrez, ainda ficou encravada entre o aro e a tabela. Igualzinho ao basquete que o Brasil jogava naquele momento. Na virada para o último período, Argentina 64 a 54.
Veio então uma sequência emblemática. Com a chance de cortar para cinco pontos, Machado soltou um arremesso de três em que a bola se estatelou na tabela, sem sequer rapar no aro. Do outro lado da quadra, Scola soltou uma bola suave de chuá e abriu dez de novo.
Ainda assim, a diferença foi caindo. Para quatro com uma cesta de Nenê, na marra. Podia ter ido a dois se Leandrinho não tivesse errado uma bandeja absolutamente livre, mas Alex consertou a lambança em seguida: 70 a 68, faltando quatro minutos. O problema é que, na sequência, o próprio Alex fez uma falta de ataque e chutou torta uma bola de três. Magnano chamou o time para conversar com 2m27s no relógio, meia dúzia de pontos atrás.
Leandrinho calibrou a mão e acertou de três. O jogo ficou tenso, com os dois ataques pensando duas, três, quatro vezes antes de definir. Tanto que já no minuto final, Huertas teve de forçar um tiro de três, que mal bateu no aro. Manu, com a calma dos seus 35 anos, guardou dois lances livres para abrir cinco. Scola fez o mesmo para abrir sete, depois nove. Estava selado o destino brasileiro em Londres. E o cenário não era muito diferente do que vinha acontecendo nos últimos anos: campanha digna que esbarra no incômodo sotaque castelhano.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/olimpiadas/noticia/2012/08/na-porta-da-elite-brasil-e-barrado-de-novo-pela-argentina-e-volta-para-casa.html
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