terça-feira, 4 de setembro de 2007

VARANDÃO DA SAUDADE - ANO DE 1938 - JOGO ATLÉTICO MINEIRO X BOTAFOGO!!!


HISTÓRIAS DO FUTEBOL

Vou rememorar aqui uma passagem inesquecível para mim no ano de 1938, quando tinha 10 anos, deste que é denominado o esporte das multidões.
Logo após a Copa do mundo daquele ano na França, em que o Botafogo tinha um senhor time de futebol, com vários jogadores integrantes da seleção brasileira naquela Copa, foi convidado pelo Atlético Mineiro para se exibir em Belo Horizonte no velho Estádio Atleticano do Bairro de Lourdes.
O clube mineiro tinha um poderoso esquadrão, em que se destacava um atacante de nome Guará, denominado o "Perigo Louro" que infernizava as defesas adversárias, muito difícil de ser marcado. O jogo foi realizado numa noite do meio de semana, e lembro muito bem que meu irmão 11 anos mais velho que eu, e que me iniciou neste esporte,
um apaixonado por futebol, torcedor do América Mineiro, conseguiu levar para assistir aquele jogo alem de minha pessoa, meu inesquecível pai, que não se interessava por atividades desportivas, e seu irmão, meu Tio João Coutinho.
Pasmem todos, meu pai teve naquela noite sua carteira de dinheiro batida (roubada) na entrada do Estádio, em seu 1º e único jogo de futebol que assistira.
Naquela época o sistema de jogo das equipes era o WM, trazido para o Brasil pelos ingleses.
Me recordo até hoje da equipe do Botafogo, que se apresentou completa, integrada por todos aqueles que participaram da Copa do Mundo daquele ano, com a seguinte formação:
Na meta o baixinho goleiro Aymoré Moreira. A zaga, chamada na época de "full-back" era composta de Nariz e Grahn-Bel.
A intermediária, onde todos eram chamados de "halfes, com Zezé Procopio, Martim e Canali, sendo o integrante do meio, no caso Martin, denominado de "center-half". O ataque intitulado naquela época de "forwards" era formado pelos 5 exímios jogadores, Chemp na ponta direita, os meias Paschoal e Peracio, este possuidor de um canhão nos pés, e o ponta esquerda Patesko também possuidor de um potente chute, completando com o centro avante, denominado então, como "center-forward", o inesquecível Carvalho Leite, que além de jogador de futebol era médico actuante.
O Botafogo com uma exibição de gala venceu o jogo por 2 a 0, com a estrela maior atleticana Guará sendo totalmente anulada, e se impondo ao poderoso Atlético Mineiro, desde aquela época considerado uma das maiores potencias do Futebol de Minas Gerais, ao lado do Palestra Italia, hoje o famoso Cruzeiro, e o América Mineiro que era o maior rival do Galo mineiro.
Foi assim que como torcedor do América Mineiro, influenciado por meu irmão que sempre foi meu ídolo, iniciando minha carreira futebolística atuando pela categoria infantil, deste, que na minha época era rubro, para mais tarde se tornar alvi-verde, me tornei um ferrenho torcedor do Botafogo que é um baluarte do desporto nacional, e o que mais forneceu jogadores para a seleção Brasileira em todos os tempos.

4 comentários:

Ninha disse...

QuE história bonita!!!
Essa sim, dá gosto de comentar.
Seu amor pelo Botafogo nasceu ali em 1938, lindooooooo!!!!
valeu!!!
Sonia

Anônimo disse...

Boa história.
Posso imaginar a raiva do Seo Trajano ao ter sua carteira devidamente afanada no Alçapão de Lourdes, logo ele, que jamais se interessou por esporte algum.
Mas o jogo deve ter sido mesmo muito bom. Eu ainda me lembro de algumas das estrelas dessa época do futebol mineiro, além do Guará: Carlyle, que só tinha uma orelha, Mão-de Onça, goleirão bom de bola, junto com o Tonho do América, Zé-do-Monte, Didi, Lusitano. Alguns, vi jogar, outros só de nome.
Vou puxar sua memória: lembra do campeonato do América em 57, contra o Democrata.
Nesse mesmo domingo o Botafogo foi campeão, em cima do Fluminense e o São Paulo também foi campeão estadual paulista. Lembro que a cada gol da goleada do Botafogo, não sei se 5 ou 6, se não em angano, o Lazaroti do Botafogo rasgava um pedaço da camisa, no meio do peito. Acabou com a camisa totalmente aberta.
Bons tempos... Hoje, ele ganhava um vermelho e ia pro chuveiro mais cedo.
Um grande abraço,

Paulo Trajano

MarioJulioCoutinho disse...

Caro Paulo Trajano
Somente hoje estou respondendo seu comentário. Você se lembrou muito bem de vários ídolos do nosso futebol, que eu tive a satisfação de ver jogar.
No nosso América Campeão de 1948, ano em que o Botafogo foi tsmbém Campeão em cima do Vasco da Gama, vencendo por 3 a 1 em São Januário, como eu dizia, no América, tinha um jogador Argentino de grande estatura de nome Valsechi (não me lembro se é assim que se escreve seu nome), um goleador nato, centro avante que deu muita alegria a todos americanos com seus belos gols.
Com referência a 1957, este foi o ano que cheguei ao Rio de Janeiro, ou melhor, a Nova Iguaçú, no dia 13 de Junho, um domingo, dia de Sâo Sebastião, transferido da Agencia do ex- Banco de Minas Gerais, de Lavras/MG, para trabalhar na promissôra cidade do hoje, Grande Rio.
A partida decisiva que você mencionou, entre Botafogo e Fluminense foi memorável naquele domingo de Dezembro.
Fui ao Maracanã de carona em uma Kombi com um amigo torcedor do Fluminense, chamado Martins, que era funcionário de uma firma ligada ao grupo BMG.
Chegando ao Maracanã nos separamos, indo cada um para sua torcida. Eu me alojei na torcida do Botafogo, do lado direito da Tribuna de Honra, torcida esta comandada por Tarzan, um autentico Lider.
Foi uma decisão memoravel para os Botafoguenses, e o FOGÃO goleou o Fluminense por 6 a 2, com 5 gols marcados por Paulo Valentin, e o outro por Garrincha que teve uma exibição de gala, levando ao delírio seus torcedôres.
Naquele ano uma Imobiliária de nome CIBRASIL estava premiando o artilheiro do Campeonato Carioca com um Apartamento, e as chaves do mesmo já estavam praticamente em poder do avante DIDA do Flamengo que comandava a artilharia.
Com os 5 gols marcados no clássico, Paulinho Valentín ultrapassou o avante rubro´negro, abocanhando o cobiçado apartamento.
Após o jogo não localizei meu amigo e o veículo no Estacionamento do Estádio.
Eu era possuidor de um Rádio portátil de pilha maior que um tijôlo, da marca PHILCO que sempre me acompanhava aos jogos.
Como não encontrei meu amigo, fui a pé, do Maracanã a Central do Brasil, pegar o trem para Nova Iguaçú, na maior alegria ouvindo a reprodução dos gols do Botafogo na partida, em que seus torcedôres se vingaram da derrota do 1º turno em que o Flu venceu por 1 a 0, com o nosso DIDI perdendo um penalti e a oportunidade de evitar a derrota.
Só quem conhece o Rio de Janeiro pode calcular a distancia que percorrí, mas que valeu a pena.
Respondendo seu e-mail, vou aproveitar para postar mais uma história do Futebol.

Anônimo disse...

Tio Mário,
Acabei de ler sua crônica para o papai. Ele ficou muito satisfeito e surpreso com seu grande poder de relembrar tantos fatos memoráveis. Manda um grande abraço pelo seus predicatos, que ele não sabia que você possuia, tanto de prodigiosa memória. como de grande dom de redator. Ele diz que você "Puxou o Sr. Trajano" !.
Manda um grande abraço e parabéns.