Em Natal, ex-jogador relembra 'bons tempos' no Bota, Flu e São Paulo, reclama de ter ficado fora das Copas de 78 e 82 e fala sobre a Seleção
Marinho está otimista com a Seleção Brasileira
(Foto: Augusto Gomes/GLOBOESPORTE.COM)
(Foto: Augusto Gomes/GLOBOESPORTE.COM)
O melhor lateral-esquerdo da Copa do Mundo de 1974 abriu o coração para falar sobre os momentos mais marcantes da sua carreira vitoriosa, assim como os mais críticos de sua vida pessoal. Marinho revirou o baú da sua memória, deu pitaco na seleção brasileira e aconselhou alguns talentos em risco, como os atacantes Adriano e Jobson.
- Acho que a Seleção está no caminho certo. Os garotos ainda precisam ganhar experiência, mas nós vamos ganhar a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016. Não tenho dúvida - afirmou.
Para Marinho, Neymar será o próximo brasileiro a receber o prêmio de melhor do mundo da Fifa.
Marinho Chagas é o embaixador da Copa 2014
em Natal (Foto: Canindé Soares/Cedida)
em Natal (Foto: Canindé Soares/Cedida)
De chuteiras penduradas há mais de duas décadas, Marinho Chagas ocupa cargo comissionado na Prefeitura de Natal. No ano passado, foi nomeado pela então prefeita da cidade, Micarla de Sousa, embaixador da Copa do Mundo 2014 na capital potiguar. A pouco mais de um ano e meio do início do Mundial, ele esbanja entusiasmo.
- Durante a Copa do Mundo só vai dar Brasil e Marinho Chagas. A Seleção dentro de campo, e eu fora dele, aqui em Natal.
Estrelato
- Já no primeiro jogo pelo Botafogo eu fiz um gol de falta e fui pra galera. O Pelé não gostou do lençol e da caneta que eu dei nele. Disse que eu deveria respeitar o Rei do Futebol. Mandei até ele tomar naquele canto (risos). Mas, no fim do jogo, dei um abraço nele e pedi desculpas.
O súdito abusado de antes virou parceiro de Pelé no fim da década de 70, no New York Cosmos, nos Estados Unidos. Ao lado deles, alguns dos maiores jogadores da história formaram o time dos sonhos de muitos apaixonados por futebol. Franz Beckenbauer, Johan Cruyff e Carlos Alberto Torres eram algumas das estrelas do timaço que popularizou o "soccer" na terra do basquete e do futebol americano.
Irreverente e galã
- Aconteceu quando eu estava no Fluminense e o clube fez uma excursão pela Europa para jogar um torneio de verão na Espanha. Quando fui cobrar um pênalti, dei um 360 graus, joguei a perna para o lado e chutei o vento. O goleiro caiu e eu só encostei para a rede (risos). Os espanhóis ficaram boquiabertos, sem saber como eu tinha feito aquilo - lembrou.
Aos 60 anos, Marinho está empolgado para a Copa 2014 (Foto: Augusto Gomes/GLOBOESPORTE.COM)
- Eu era bonito e sarado. Loirão de olhos verdes, a princesinha ficou doida quando me viu numa festa com o pessoal do time. Dancei com ela a noite toda e beijei a princesa várias vezes. Bom demais.
Marinho Chagas sempre foi muito vaidoso. Na época dele não existia o termo metrossexual, mas digamos que ele era uma espécie de David Beckham dos anos 70 e 80. Roupas espalhafatosas, cordões de ouro e carrões de marca eram constantes em sua carreira. E isso lhe rendeu mais uma boa história. Dessa vez com um Mercedes-Benz conversível.
- Estava caminhando na Europa e passei na frente de uma loja. Quando vi aquele carro, não consegui me controlar. Aluguei o "bicho" e fui direto para o hotel onde estávamos hospedados. Chegando lá, todo mundo me chamou de maluco, inclusive o Paulo Cezar Caju. Foi muito engraçado, porque o presidente do Fluminense (Francisco Horta) pegou carona comigo e deu risada da história - diverte-se.
Mágoa
Marinho Chagas marcou época no Botafogo e na
seleção brasileira (Foto: Divulgação/Botafogo)
seleção brasileira (Foto: Divulgação/Botafogo)
- Modéstia à parte, eu era o melhor lateral do Brasil em 78. Mas o técnico Cláudio Coutinho preferiu levar Edinho e Rodrigues Neto para jogar na esquerda. Também deixou o Falcão e o Paulo Cezar Caju fora. Deu no que deu. Em 82, discordei da decisão do Telê. Júnior estava muito bem, mas a minha fase no São Paulo ainda era melhor - comentou o ex-jogador, que no Tricolor Paulista ganhou, inclusive, seu único título num grande clube: foi campeão estadual em 1981.
Marinho Chagas sofre de hepatite C, bronquite, ácido úrico e hipertensão. Mas a sua maior doença parece ter sido curada de vez. O craque, que esteve próximo de perder o jogo contra o alcoolismo, fez um transplante de fígado e hoje vive relativamente bem de saúde. Ele aproveita a oportunidade e manda uma mensagem aos atletas que vivem ou viveram problemas extracampo, como os atacantes Adriano e Jobson.
- Cada pessoa é responsável por escolher o que vai fazer da sua vida. Amigos não obrigam ninguém a fazer nada. Eu, por exemplo, tive problema com o álcool, mas só depois de encerrar a carreira. E foi porque eu quis. Quando eu jogava, me dedicava somente ao trabalho e nunca bebi.
O que eu aconselho a garotos e jogadores profissionais é que tenham humildade e pensem nos pais deles, pois o amanhã pode ser muito triste - finalizou.
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