FONTE:
http://www.diariodocentrodomundo.com.br/monumento-a-hipocrisia-apos-vazar-tudo-contra-lula-estadao-faz-agora-editorial-contra-vazamentos-por-kiko-nogueira/
por : Kiko Nogueira
Vaza a jato
O editorial do Estadão de segunda, dia 19, merece ser enquadrado na parede ao menos por alguns segundos como um monumento à hipocrisia nacional e ao anti jornalismo — antes de ser jogado fora com a areia suja da caminha de seu gato.
Vou destacar alguns trechos. Confira comigo no replay:
O vazamento a conta-gotas do conteúdo das delações de executivos da Odebrecht, acerca de pagamentos feitos a mais de uma centena de políticos de vários partidos, só se presta a acelerar a desmoralização do Congresso. É preciso uma boa dose de ingenuidade para não ver aí uma ação deliberada, com vista a emparedar o mundo político, intimidando aqueles que porventura questionem promotores e magistrados, seja por seus salários e benefícios, seja por sua atitude messiânica.A imprensa, é claro, tem o dever de publicar o que apura, ainda mais quando se trata de tema tão explosivo. Mas a ânsia de levar bombásticas informações ao público não deve se sobrepor à obrigação ética que tem o jornalista de cuidar para que essas mesmas informações sejam devidamente depuradas. Toda e qualquer informação deve ser bem apurada. Mas o material que está vindo à tona nos últimos tempos é relevante demais – pelos efeitos que produz nas vidas das pessoas e da Nação – para que mereça não mais que os cuidados de praxe.(…)O trabalho jornalístico em geral, mas especialmente em momentos críticos como este, deve ser pautado pelo mais absoluto respeito aos fatos, aos quais só se chega após exaustiva apuração, sem açodamento. A imprensa não pode se prestar a ser mero veículo de interesses de terceiros, pois sua função primordial é fornecer à sociedade as informações necessárias para que esta se proteja de quem pretende se aproveitar de suas fragilidades. O jornalismo de qualidade – feito de independência, sensatez e inteligência, capaz de separar o joio do trigo – é o único antídoto realmente eficaz contra o envenenamento da democracia. Ainda mais quando o veneno vem sob a forma de poção regeneradora da moral social.
O jornalista Fausto Macedo é um dos quadros mais prestigiados no jornal. Desde o início da Lava Jato, Fausto já publicou dezenas de vazamentos.
Num determinado período, era um por dia — desnecessário dizer que sempre contra a “tigrada petista”.
Nunca tinha havido qualquer sinal de preocupação dos Mesquitas com o fato do veículo se prestar a “interesses de terceiros” porque os terceiros eram eles mesmos, os primeiros. Agora que a situação ficou fora de controle perdeu a graça.
Para ficar num exemplo dessa rotina: em janeiro, dia 31, o Estado saiu com uma denúncia de um lobista que “indica ligação” com Lula como facilitador de negócio.
Como anotou Paulo Henrique Amorim, duas páginas adiante, outra: “Silvinho recebia ‘cala a boca’, diz delator”.
No sábado, uma notícia sobre a intimação de Lula e da mulher, Marisa Letícia, para depor no Ministério Público de São Paulo.
No último dia 15, a defesa de Lula denunciou Sérgio Moro junto ao Conselho Nacional de Justiça por um vazamento a partir da 13ª Vara Federal, em Curitiba, de ação por danos morais movida contra um delegado da Lava Jato, em caráter sigiloso.
Moro teria cometido duas infrações: primeiro, usou um despacho para emitir opinião e fazer juízo de valor contra a defesa de Lula. Depois, vazou ou deixou vazar o documento.
Para quem foi?
Você ganhou um sorvete de Gilmar Mendes se apostou no Estadão.
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