sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Governo Temer exagerou na propaganda, por Bernardo Mello Franco



FONTE:
http://jornalggn.com.br/noticia/governo-temer-exagerou-na-propaganda-por-bernardo-mello-franco







Jornal GGN - Em sua coluna na Folha de S. Paulo, Bernardo Mello Franco critica a campanha publicitária do governo Temer, afirmando que ela “já começa pisando na bola” ao dizer que o peemedebista está há 120 dias no poder, desconsiderando o período em que foi presidente interino.
O colunista ressalta que o próprio presidente afirma que sempre governou “como se efetivo fosse”. O governo também exagera ao falar em “coragem”, já que Temer tem evitado pronunciamentos em locais públicos por medo de vaias, e critica as medidas anunciadas, que misturam fatos positivos a “decisões altamente questionáveis”, como a reforma do Ensino Médio.

Leia mais abaixo:
Da Folha
Por Bernardo Mello Franco
O governo lançou uma campanha publicitária para tentar convencer a população de que não é tão ruim quanto ela pensa. É uma missão árdua, e a propaganda já começa pisando na bola. Contabiliza apenas 120 dias de gestão, quando Michel Temer assumiu há exatos 232.
O anúncio usa a expressão "posse efetiva" para justificar a contagem marota. Faltou combinar com o chefe. Em discurso recente, o próprio Temer disse que ignorou a condição de interino e governou desde maio "como se efetivo fosse".
Na primeira linha da propaganda, lê-se a palavra "coragem", em letras garrafais. Parece um exagero do redator, já que o presidente tem evitado comparecer a palanques, estádios e até velórios por medo de ser vaiado. Seu último pronunciamento na TV foi transmitido na noite de Natal, quando as panelas estavam ocupadas com peru e farofa.
Mais adiante, o anúncio enumera 40 medidas "que já se tornaram realidade". A lista mistura fatos positivos, como o apoio da Aeronáutica ao transplante de órgãos, a decisões altamente questionáveis, como a reforma do ensino médio por medida provisória. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, já afirmou que a MP viola a Constituição e precisa ser anulada.
Na área econômica, o Planalto também se gaba de medidas polêmicas. Diz que a reforma da Previdência vai garantir a aposentadoria "das gerações atuais e futuras", mas não explica como isso ocorrerá em Estados onde a expectativa de vida dos homens mal passa dos 65 anos.
Apesar de ocupar uma página inteira de jornal, a propaganda não cita uma única vez a palavra "corrupção", que dominou o noticiário de 2016. Em outro exagero de marketing, afirma-se que o governo assegurou a "moralização das nomeações nas estatais". Há poucas semanas, Temer loteou seis vice-presidências da Caixa entre partidos aliados. As nomeações atenderam a PSDB, PP, PR, PSB, DEM e PRB.

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