segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

As ruas X os ratos: com 8% de aprovação, Temer tem 88% de adesão na Câmara dos Deputados. Por Kiko Nogueira



FONTE:
http://www.diariodocentrodomundo.com.br/as-ruas-x-os-ratos-com-8-de-aprovacao-temer-tem-88-de-adesao-na-camara-dos-deputados-por-kiko-nogueira/



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Eles
Eles


Um dos mantras abjetos de Michel Temer tem sido sua elegia da impopularidade. Segundo a ultima pesquisa Vox Populi, encomendada pela CUT, seu índice de aprovação caiu a 8%, um recorde histórico.
Nizan Guanaes, numa reunião no Planalto do tal Conselhão, sugeriu que ele aproveitasse esse detalhe para tomar “medidas amargas” (não para Nizan e seus pares, naturalmente).
“Ninguém faz coisas contundentes com alta popularidade”, afirmou o publicitário, num discurso passivo agressivo maluco em que só faltou chamar MT de — perdoe meu francês — bosta.
Michel, como um pato pateta, repete essa ladainha. “Estou aproveitando a suposta impopularidade para tomar medidas impopulares”, falou no mesmo dia em que anunciou que, infelizmente, não vai renunciar.
Essa inversão da lógica de uma democracia não vai salvá-lo porque, fora tudo, Temer não tem projeto nem para atender seus sócios. É um governo de desmonte das gestões anteriores e de salvação de seus próprios membros da cadeia.
O símbolo do descompasso de Michel com as ruas é que o único lugar onde ele é reconhecido é no lupanar da Câmara dos Deputados.
Segundo o Estadão Dados, Temer termina o ano com “a maior taxa de governismo já registrada na história recente” do local.
A adesão ao governo “é praticamente unânime na base aliada”, somos informados. “O PMDB, por exemplo, que tem a maior bancada da Casa, registra uma taxa de apoio a Temer de 97% – a mesma do PSDB, que tem o terceiro maior número de deputados.”
De acordo com Ivan Fernandes, professor de Políticas Públicas da Universidade Federal do ABC (UFABC), a “alta coesão e governismo dos partidos corroboram a tese de que nosso sistema de governo é muito mais parecido com o parlamentarismo do que se imagina”.
Temer é popularíssimo no seio do que alguém chamou de sindicato de ladrões.
Na época do impeachment, dos 513 deputados federais inscritos para a votação que decidiu sobre a abertura do processo, 298 haviam sido condenados ou respondiam a processos na Justiça ou em Tribunais de Contas, dizia levantamento da ONG Transparência Brasil. Destes, 23 são investigados na Lava Jato.
O fato de MT ser querido entre vagabundos engravatados dá uma outra perspectiva sobre a crítica à inabilidade de Dilma em tratar com essa gente fina.
Michel foi vendido como o oposto de Dilma: um grande articulador, um Richelieu, animal político etc etc.
O que se viu, quando ele saiu do escuro, foi um anão acostumado a agir nas sombras em favor de sua turma, o que inclui mandar seu advogado receber malas de dinheiro vivo no escritório ou pressionar ministros para liberar prédios com apartamentos de outros ministros.
Michel, com sua falta de carisma e de pescoço, suas platitudes, sua agenda sem agenda, incorpora a contradição do sistema. A única maneira de diminuir o abismo entre a vontade das ruas e a do Congresso é a convocação de eleições diretas em 2017.

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Sobre o Autor
Diretor-adjunto do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.


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