sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Moro tem medo de exceder limites sobre Temer, mas não sobre Lula



FONTE:
http://jornalggn.com.br/noticia/moro-tem-medo-de-exceder-limites-sobre-temer-mas-nao-sobre-lula






Jornal GGN - O juiz Sergio Moro demonstrou receio de ver o caso de Eduardo Cunha ser levado a outra instância e impediu que o advogado do deputado federal cassado fizesse perguntas sobre a participação de Michel Temer, que tem foro privilegiado, em esquemas de corrupção na Petrobras.
Segundo reportagem do Estadão, Moro indeferiu a pergunta da defesa de Cunha a Nestor Cerveró, sobre pagamento de propina à cúpula do PMDB, mas que ele pudesse manter seu cargo na Petrobras. Há informações na Lava Jato dando conta de que Michel Temer, em pessoa, teria discutido a manutenção do posto de Cerveró com emissários de Delcídio do Amaral.
“Isso não é objeto da acusação e não tem competência desse juízo para esse tipo de questão”, disse Moro.
Moro não demonstrou o mesmo receio ao questionar Delcídio sobre um caso investigado pela Justiça Federal de Brasília. Na audiência de segunda (21), com o senador cassado, o magistrado fez e permitiu que o Ministério Público Federal fizesse questões que fogem ao escopo da denúncia do caso triplex.
O MPF tentou implicar Lula em relação ao sítio de Atibaia e Moro quis saber qual o papel do presidente no esquema em que Delcídio tentou evitar que Cerveró fizesse delação premiada com a Lava Jato.
No momento, a defesa de Lula avisou que esse assunto não só nada tem a ver com o caso triplex como está fora da alçada de Moro. Cristiano Zanin Martins disse que o juiz de Curitiba estava afrontando decisões do Supremo Tribunal Federal.
Moro continuou mesmo assim, em busca de um "contexto probatório" contra Lula.
Do Estadão
O juiz Sérgio Moro não autorizou que um advogado completasse pergunta ao ex-diretor da Petrobrás Nestor Cerveró (Internacional) sobre o presidente Michel Temer. O episódio ocorreu nesta quinta-feira, 24.
“Essa proposta financeira que o sr. recebeu para se manter no cargo de pagar 700 mil dólares por mês também foi levada ao presidente do PMDB à época?”, indagou o advogado, defensor do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB/RJ), em audiência na Justiça Federal em Curitiba.
“Não dr, aí estou indeferindo essa questão”, interrompeu Moro, imediatamente. “Isso não é objeto da acusação e não tem competência desse juízo para esse tipo de questão”, completou o juiz da Lava Jato.
A preocupação de Moro é com a citação a autoridades detentoras de foro privilegiado perante tribunais superiores – caso do presidente da República.
A menção a pessoas nessas condições em processo de primeiro grau judicial pode levar até à anulação do caso ou provocar o deslocamento dos autos.
Cerveró foi arrolado pela defesa de Eduardo Cunha, réu da Lava Jato e preso em Curitiba por ordem de Moro.
Na audiência, Cerveró disse que foi nomeado para o cargo na Petrobrás em janeiro de 2003 ‘no novo governo Lula’.
O advogado do ex-presidente da Câmara indagou do ex-diretor da estatal petrolífera se
‘houve participação’ do então senador Delcídio Amaral (ex-PT/MS) em sua indicação.
“Sim, minha indicação (foi feita) pelo (ex) governador Zeca do PT (MS), por indicação do senador Delcídio.”
Indagado se houve ‘pagamento de vantagem indevida a Delcídio’, Cerveró respondeu. “Não na ocasião, mas posteriormente.”
O advogado de Eduardo Cunha perguntou a Cerveró quando ele ‘se aproximou do PMDB’. Na época, em 2006, Cerveró estava sendo pressionado para deixar o cargo.
“Foi o PMDB que se aproximou de mim, em 2006, logo depois do Mensalão, através do ministro Silas Rondeau que fazia parte do grupo do PMDB”, respondeu. “Fui procurado pelo Silas que me apresentou ao senador Renan (Calheiros) e, na época, ao deputado Jáder Barbalho (PMDB/PA). Me informaram que eu passaria a ser apoiado por esse grupo.”
Em sua delação premiada, Cerveró afirmou que em 2006 pagou US$ 6 milhões a Renan ‘a título de participação nos negócios da Petrobrás’. Renan nega.
“Realmente foi um acerto que houve com esse comando do PMDB. Delcídio não fazia parte desess seis milhões, mas houve uma destinação dessses seis milhões de dólares para esse grupo (do PMDB) de propinas (no âmbito) da primeira sonda que a Petrobrás contratou. Delcídio não fez parte. Dois anos depois fui substituído.”
“Minha substituição não foi de uma hora para outra, se iniciou com uma pressão do PMDB da Câmara. Fui cobrar o apoio do grupo do PMDB do Senado, mas esse grupo estava muito enfraquecido  na ocasião porque o senador Renan teve que renunciar (à presidência da Casa) por conta da história da filha dele. Esse grupo tinha perdido (força)”, relatou Cerveró, que acabou caindo em 2008.
O advogado de Eduardo Cunha questionou Cerveró se ele foi pressionado a fazer pagamento mensal de US$ 700 mil ‘ao grupo do PMDB’ para se manter no cargo. Ele confirmou.
Cerveró contou que esteve com Michel Temer. Na ocasião, Temer era deputado e presidia o PMDB. “Estive com Michel Temer, (fui) levado pelo dr. Bumlai (pecuarista José Carlos Bumlai, réu da Lava Jato). Ligou, marcou uma audiência com o deputado Michel Temer, no escritório dele em São Paulo. Fui lá, ele (Temer) me recebeu muito bem, mas disse que não podia contrariar os interesses da bancada que ele comandava, ele era o presidente do PMDB.”

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