Ranking mostra que quase todos grandes eventos têm arenas sem uso. Engenhão aparece no meio da lista, mas Brasil corre riscos para 2014
O "World Stadium Index" (WSI, "Índice dos Estádios do Mundo" em inglês) é um relatório do Instituto Dinamarquês de Estudos do Esporte (Idan) em parceria com a organização "Play the Game" que investigou 75 arenas em 20 países construídas entre 1996 e 2010 para grandes competições esportivas. A lista inclui Jogos Olímpicos, Copa do Mundo, Eurocopa, Copa Africana de Nações, Jogos Pan-Americanos, Jogos Asiáticos, Jogos Pan-Africanos e Jogos da Comunidade Britânica. O índice WSI é baseado no total de público dos estádios durante o ano de 2010 (em eventos esportivos ou não) dividido pela capacidade desses estádios. Os custos de construção também foram levados em conta. Por causa da falta de informações disponíveis sobre algumas arenas, sobretudo na África, apenas 46 dos 75 estádios analisados aparecem no ranking.
Engenhão é o único estádio brasileiro no ranking "WSI" (Foto: Janir Júnior / Globoesporte.com)
O único estádio brasileiro no WSI é o Engenhão, o Estádio Olímpico João Havelange, no Rio de Janeiro. Construído para os Jogos Pan-Americanos de 2007, ele também será o local das competições de atletismo das Olimpíadas de 2016. Os pesquisadores citam o fato de o Engenhão ter custado quase três vezes mais do que os US$ 70 milhões estimados inicialmente, com cada assento ao preço de US$ 4.263, o 28º mais caro entre os 75 estádio do estudo. Baseado nos números da temporada 2010, a frequência de utilização do estádio foi considerada boa (WSI, 12), aparecendo em 23º lugar entre 46 arenas. Mas o estudo questiona o que irá acontecer após a reabertura do Maracanã.
OS CINCO MAIORES ELEFANTES BRANCOS SEGUNDO O RANKING DINAMARQUÊS: | ||||
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POSIÇÃO | ESTÁDIO | LOCAL | EVENTO | WSI* |
46º | Estádio Olímpico de Nagano | Japão | Olimpíadas de Inverno 1998 | 0.6 |
45º | Miyagi Stadium | Japão | Copa do Mundo 2002 | 1.5 |
44º | Khalifa Stadium | Qatar | Jogos Asiáticos 2006 | 1.8 |
43º | Municipal de Aveiro | Portugal | Eurocopa 2004 | 2.0 |
42º | Dr.Magalhães Pessoa | Portugal | Eurocopa 2004 | 2.7 |
*O WSI é o número de vezes por ano em que um estádio teria ficado com lotação esgotada, dividindo o total de público pela capacidade da arena |
Além da arena de Nagano, outros três dos quatro piores colocados são estádios construídos para torneios de futebol. A arena com o segundo pior WSI também fica no Japão. O Miyagi Stadium, em Rifu, custou US$ 318 milhões e tem capacidade para 49.133 pessoas. Foi sede de três confrontos na Copa do Mundo de 2002, um deles a surpreendente eliminação da Argentina na primeira fase após um empate em 2 a 2 com a Suécia. A exemplo de outras arenas do Mundial, raramente enche. No ano do estudo, foi palco de quase 80 eventos, mas em média não passou de mil espectadores.
Em Rifu, as principais equipes de futebol, Vegalta Sendai, e beisebol, Tohoku Rakuten Golden Eagles, já tinham seus próprios estádios e continuaram a usá-los após a construção do Miyagi Stadium. O mesmo problema ameaça o Estádio Olímpico de Londres (preço: US$ 750 milhões) e o Estádio Nacional de Varsóvia (US$ 650 milhões), sede do jogo de abertura do Euro 2012, cidades onde os clubes locais já contam com os próprios campos.
Estádio Olímpico de Londres ainda não tem 'dono'
para depois dos Jogos (Foto: Getty Images)
para depois dos Jogos (Foto: Getty Images)
Outro time londrino, o West Ham, apresentou um projeto mantendo a área para atletismo mas com alterações na cobertura da arena e assentos retráteis que ficariam a cargo da administração do estádio e custariam ainda mais dinheiro aos cofres públicos. Ainda assim, parecia o favorito a assumir o local. Na última terça-feira, porém, o processo de apresentação de projetos foi estendido por mais oito semanas. O risco de o Estádio Olímpico virar um elefante branco continua.
Por causa de situações como esta, o estudo dinamarquês questiona tanto o legado esportivo quanto o desperdício de dinheiro das cidades que constroem estádios para grandes eventos.
"Em vez de levar em conta as necessidades locais, muitos responsáveis pelos estádios escolhem construi-los levando em conta a exigências externas. Isso faz com que muitas arenas não se adaptem ao uso diário depois dos eventos, resultando não apenas em estádios vazios e um legado esportivo negativo, mas também em custos mais altos de manutenção para os proprietários - normalmente estados e municípios. Eventos semanais capazes de atrair bom público são fundamentais para que uma arena não se torne um grande prejuízo", diz o estudo.
O relatório também critica as organizações esportivas pelas exigências em relação à capacidade das arenas, lembrando que tanto Fifa quanto Uefa não aceitam estádios com menos de 40 mil lugares na Copa do Mundo e na Eurocopa.
"Afrouxar as exigências de infraestrutura dos estádios não diminuiria as preocupações com segurança, mas reduziria a pressão em relação à capacidade e o número de estádios que cada candidato precisa para organizar um evento de grande porte", acrescenta.
OS CINCO PRIMEIROS COLOCADOS DO RANKING DINAMARQUÊS | ||||||||||||||
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POSIÇÃO | ESTÁDIO | LOCAL | EVENTO | WSI* | ||||||||||
1º | Turner Field | EUA | Olimpíadas 1996 | 50.6 | ||||||||||
2º | Sapporo Dome | Japão | Copa do Mundo 2002 | 46.4 | ||||||||||
3º | Allianz Arena | Alemanha | Copa do Mundo 2006 | 33.3 | ||||||||||
4º | RheinEnergie Stadion | Alemanha | Copa do Mundo 2006 | 22.2 | ||||||||||
5º | Stadion Letzigrund | Suíça | Eurocopa 2008 | 20.3 | ||||||||||
*O WSI é o número de vezes por ano em que um estádio teria ficado com lotação esgotada, dividindo o total de público pela capacidade da arena |
O Khalifa International Stadium em Doha, no Qatar, tem o terceiro pior WSI. Construído para os Jogos Asiáticos de 2006, ele será uma das sedes da Copa do Mundo de 2022, com sua capacidade passando dos 50 mil atuais para 68 mil lugares. Desde sua abertura, foi também local de partidas da Copa da Ásia e dos Jogos Pan-Árabes em 2011, mas passa a maior parte do ano vazio. O estudo lembra que o Qatar, que já tem problemas de público com os estádios atuais, ainda irá construir ou reformar outras dez arenas até o Mundial.
Bons exemplos também existem. A Copa do Mundo de 2006 na Alemanha é o evento mais bem sucedido entre todos os analisados pelo estudo. As novas arenas, os preços dos ingressos mais em conta do que das outras grandes ligas europeias, o equilíbrio entre os times e o bom momento da seleção alemã, cuja maioria dos jogadores atua no país, são alguns dos fatores que explicam o porquê de a Bundesliga ser o campeonato de melhor média de público da Europa.
Estádio Olímpico de Nagano, no Japão, é o maior elefante branco do mundo (Foto: Getty Images)
No lado oposto da lista dos elefantes brancos, o estádio de melhor índice entre todos foi o Turner Field, na cidade americana de Atlanta, construído para ser o estádio olímpico dos Jogos de 1996. Desde então, foi transformado numa arena de beisebol com capacidade para 49.586 espectadores e virou a casa do Atlanta Braves, equipe da Major League Baseball. Em segundo lugar ficou o Sapporo Dome, no Japão, construído para apenas três partidas do Mundial de 2002. Após a Copa, passou a ser utilizado não apenas para jogos de futebol e beisebol mas também uma série de outros eventos, desde shows de música até competições de esqui e ralis.
Palco da final da última Champions, Allianz Arena é exemplo de estádio bem aproveitado (Foto: EFE)
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/noticia/2012/05/estudo-revela-os-maiores-elefantes-brancos-entre-os-estadios-do-mundo.html
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