Presidentes de federações esperam posicionamento do presidente da CBF até sábado. Discussão sobre sucessão é tema de discórdia entre dirigentes
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Encontros, telefonemas e rumores. As notícias que indicam uma iminente
saída de Ricardo Teixeira do comando da CBF deixaram os dirigentes do
futebol brasileiro em polvorosa. Os presidentes das federações estaduais
passaram a quinta-feira entre telefonemas e articulações. Enquanto
alguns já especulam o que fazer caso o dirigente deixe o cargo, outros
garantem que o mandatário da CBF fica. O presidente da Federação de
Sergipe, Carivaldo de Souza, disse que falou com Teixeira ao telefone na
tarde desta quinta-feira e foi taxativo- Conversei agora há pouco com Ricardo Teixeira. Ele me ligou e garantiu que não vai renunciar coisa nenhuma. Não existe essa história de renúncia.
Ricardo
Teixeira (esq.), Marco Polo del Nero (gravata azul) e Reinaldo Carneiro
de Bastos (dir.) na saída de restaurante no Rio de Janeiro na tarde
desta quinta-feira (Foto: Márcio Iannacca / Globoesporte.com)
- Se ele sair... o que manda a lei é que o mais velho assuma. Mas nossa tese é de que ele foi reeleito para oito anos porque a Fifa exigiu que a pessoa que negociasse em 2008 estivesse no cargo em 2014. Foi uma exceção. Foi algo só para ele, intransferível. O correto, dentro do que propusemos, é o mais velho assumir até convocar novas eleições. Isso poderia levar 60 ou 90 dias. Até lá, o mais velho ficaria. Não temos nada contra ele, mas ele ocuparia quatro anos para os quais não foi eleito. É praticamente unanimidade (entre as federações). Se mandato acabou, se era um supermandato para a Copa, nos parece a melhor opção – disse o gaúcho.
O presidente da Federação Baiana, Ednaldo Rodrigues, disse que Teixeira falará até sábado:
- A gente tem consciência de que ele fará um pronunciamento entre hoje (quinta) e sábado. Mas não sabemos qual será o assunto.
Ricardo Teixeira passou a manhã reunido no Comitê Organizador da Copa do Mundo, cuja sede fica num conjunto comercial na Avenida das Américas, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. À tarde, seguiu para a CBF - sediada a menos de três quilômetros de distância na Avenida Ayrton Senna. Por volta de 16h (de Brasília) deixou a sede da entidade para almoçar em um restaurante no Casa Shopping, na mesma avenida - onde ficou até 18h (de Brasília). No almoço, estiveram presentes alguns dirigentes como o vice-presidente da CBF José Maria Marín; o presidente da Federação Paulista, Marco Polo del Nero, e seu vice-presidente, Reinaldo Carneiro de Bastos.
Teixeira fala ao celular: dirigente de Sergipe diz que ele não sai (Foto: Márcio Iannacca)
“Substituirá o Presidente, no caso de ausência ou impedimento ocasional, o Vice-Presidente que por ele for designado”
Já o 37 tem o seguinte texto:
“Se ocorrer vacância do cargo de Presidente em qualquer momento do mandato, completará o período o Vice-Presidente mais idoso”.
O mandato de Teixeira foi prorrogado até 2015 por causa da realização da Copa do Mundo de 2014 no Brasil. O presidente da Federação Pernambucana, Evandro Carvalho, chamou de golpe uma eventual eleição:
- Eu sou contra essa história de eleição. Temos que cumprir a legalidade e o que está no estatuto. Não sou a favor de qualquer golpe da federações, pois o que está fora da legalidade para mim ganha esse status de golpe. Agora, se a direção da CBF quiser acatar, aí eu apoio um colégio eleitoral. A lógica é a mesma de qualquer direção ou presidência, se alguém sai, um vice assume. E não me importo se ficar sozinho nessa opinião. Não ligo para maioria. Acredito no estatuto - disse Evandro, que revelou ter recebido 13 telefonemas de federações para saber a sua opinião sobre o tema.
Os outros vice-presidentes da CBF são Fábio Marcel Nogueira (Sul), Fernando José Macieira Sarney (Norte), Marco Antonio de M. Ferreira (Nordeste) e Weber Magalhães (Centro-Oeste). Com carreira política em São Paulo, Marin já foi vereador, deputado estadual e chegou a governador do estado entre 1982 e 1983, pois era vice de Paulo Maluf. Recentemente, ficou famoso no meio do futebol por ter colocado no bolso uma das medalhas que deveria ser entregue ao Corinthians na cerimônia de premiação da Copa São Paulo de Juniores.
O grupo de federações que Novelletto diz representar estaria preocupado com a concentração do poder nas mãos dos paulistas, pois Marco Polo Del Nero, presidente da federação de São Paulo, seria indicado para secretário-geral da CBF. Além disso, Andrés Sanches, ex-presidente do Corinthians, é o diretor de Seleções.
Um nome que agrada algumas federações é o de Weber Magalhães, que chefiou a delegação da Seleção na conquista da Copa do Mundo de 2002 e é aliado de Teixeira. O ex-presidente da Federação de Brasília garante não saber se o amigo renunciará ao cargo, mas se colocou à disposição para assumir a presidência.
- A gente fica no ar sem saber, foi muita coisa que aconteceu. Eu estou na CBF desde 2004, a gente fica aguardando uma posição, até porque hoje a gente está despachando diretamente com o Marin (NR: Marín estava como presidente em exercício da CBF durante licença de Teixeira em janeiro). Eu me coloquei à disposição, se precisar estarei, mas aguardando o que vier – afirmou Weber.
Outros presidentes de federações preferem fugir do tema polêmico. Mauro Carmélio, do Ceará, disse por meio de sua assessoria de imprensa que não comentará a possível saída de Teixeira por “questão de ética”. Em Goiás, André Pitta desconversou e disse que a especulação sobre a realização de eleições é feita apenas para “criar polêmica”. Porém, Paulo Schettino, da Federação Mineira, deu a entender que o caminho será o pedido por votação para a sucessão:
- Tenho falado com os presidentes e realmente não temos informações sobre o caso (renúncia do Ricardo). Estamos atrás de informações, tudo o que sabemos é através da mídia. Creio que o estatuto diz que em caso de renúncia o vice-presidente assume, mas não é nada que uma assembleia geral não possa decidir. (Caso ele renuncie) vamos convocar uma assembleia geral para definir a situação – afirmou.
Em caso de nova eleição, votam os presidentes das 27 federações estaduais e os presidentes dos clubes da Série A. Após a reunião no COL sobre a nomeação de Bebeto, o diretor de Comunicação da CBF, Rodrigo Paiva, afirmou que Teixeira não havia comunicado nenhum pedido de renúncia. Ronaldo, membro do conselho de administração do comitê, garantiu que o dirigente segue na presidência do COL.
Após
reunião no Rio de Janeiro de manhã, Teixeira posou para foto com sua
filha Joana Havelange, Bebeto, Ronaldo e Ricardo Trade (diretor do COL)
(Foto: Fifa.com)
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