O reencontro com clima hostil faz lembrar outros casos de vira-casacas em jogos do Flamengo. Bebeto, Romário, Edmundo e Ronaldo viveram situações parecidas com a de Ronaldinho. Ao decidirem mudar de clube, “traíram” a confiança dos torcedores e deixaram multidões magoadas.
Bebeto: polêmica ao trocar o Flamengo pelo
Vasco em 1989 (Foto: Arquivo / Ag. Estado)
Vasco em 1989 (Foto: Arquivo / Ag. Estado)
Com Romário aconteceu o inverso. Em maio de 1995, o Baixinho mandou o recado durante uma entrevista e recomendou que os vascaínos levassem lenços ao Maracanã em sua primeira vez contra o time de São Januário. Em jogo válido pelo octogonal final do Carioca, o camisa 11 fez o gol da vitória sobre o clube que o revelou e comemorou como se estivesse enxugando lágrimas. Sem contar aquele tradicional pedido de silêncio. Mais uma das muitas promessas cumpridas pelo Baixinho. Assim como Bebeto, Romário voltou ao Vasco no fim de 1999, depois ser dispensado pela diretoria rubro-negra em uma boate, em Caxias do Sul, após o time ser eliminado do Campeonato Brasileiro. Em São Januário, chegou ao milésimo gol da carreira, em 2007.
Edmundo não teve o bom humor do camisa 11. Na passagem frustrada pelo Flamengo, enfrentou o Vasco em outubro de 1995. O Maracanã foi novamente palco de um reencontro de um ídolo com sua ex-torcida. Hostilizado, o atacante balançou a genitália para os vascaínos no empate por 1 a 1, pelo Campeonato Brasileiro.
Edmundo: passagem apagada pelo Flamengo
em 1995 (Foto: Arquivo / Gazeta Press)
em 1995 (Foto: Arquivo / Gazeta Press)
A primeira vez que Ronaldo enfrentou o Flamengo no Rio foi em abril de 2010, no jogo de ida das oitavas de final da Libertadores. Um encontro cercado de hostilidade. A recepção ao craque não foi boa no Maracanã. Na chegada do Timão ao estádio, o atacante, com o rosto bem fechado, encarou os cerca de 50 torcedores que o xingavam na entrada. Balançando a cabeça, como se quisesse dizer que estava contrariado e confiante ao mesmo tempo, o Fenômeno em nenhum momento deixou de olhar nos olhos dos rubro-negros. Na descida do ônibus, ainda ouviu alguns gritos de “traveco, traveco”, em alusão ao episódio mais polêmico de sua carreira. Um grupo de seis travestis, contratados por um torcedor do Flamengo, esteve na porta do estádio, mas não esperou pela chegada do craque. Em campo, o que se viu foi um Ronaldo apagado. Adriano, de pênalti, fez o gol da vitória carioca no jogo de ida. Na volta, em São Paulo, o Fla avançou.
Na Libertadores de 2010, Ronaldo foi vaiado desde a chegada ao Maracanã. Fla venceu: 1 a 0 (Foto: EFE)
Eles também mudaram de time, mas não sentiram a ira das torcidas que deixaram. O ex-atacante Casagrande, hoje comentarista da TV Globo, trocou o Corinthians pelo Flamengo em 1993. No reencontro com a Fiel, foi bem recebido e aplaudido. Curiosamente, o jogador teve uma pequena participação no gol da vitória do Timão por 1 a 0. Rivaldo, atualmente no São Paulo, cabeceou, e a bola tocou em Casagrande antes de entrar. Nas arquibancadas, os corintianos cantaram a marchinha carnavalesca: “Doutor, eu não me engano, o Casagrande é corintiano!”.
O gol de falta que deu o tricampeonato carioca ao Flamengo em 2001, na decisão contra o Vasco, cravou Petkovic na história do Rubro-Negro. Talvez por isso ele tenha sido poupado pela torcida quando mudou de lado. Em outubro de 2002, no Maracanã, Pet se destacou na vitória vascaína por 2 a 1 e não foi hostilizado. Em 2011, ele se aposentou vestido de vermelho e preto, no Engenhão, muito festejado pelos rubro-negros.
Ronaldinho sabe o que o espera, mas não demonstra qualquer tipo de sentimento especial para o jogo de domingo. A partida será às 16h (de Brasília), válida pela 32ª rodada. O Olímpico não é mais um território dele e, dependendo do que ele fizer em campo, o estrago pode ser ainda maior
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/times/flamengo/noticia/2011/10/de-idolo-traidor-r10-repete-no-sul-historia-de-outros-mitos-vaiados.html
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