FONTE:
http://jornalggn.com.br/noticia/operacao-aequalis-investiga-empresa-da-familia-de-anastasia
Empresa do primo do senador é
acusada de superfaturamento em
hospital de Sete Lagoas
Jornal GGN - A Operação Aequalis, que investiga o envolvimento de empresários brasileiros, portugueses e funcionários de Minas Gerais em um esquema de desvio de recursos durante a construção da "Cidade das Águas" e que prendeu na última semana o ex-presidente do PSDB mineiro, Narcio Rodrigues, levanta mais provas da atuação ilegal da Construtora Waldemar Polizzi (CWP) pertencente a Waldemar Anastasia Polizzi, primo do senador Antonio Anastasia.
Segundo investigações do Tribunal de Contas do Estado (TCE-MG) a empresa teria feito um acordo para perder propositalmente uma licitação de reforma do estádio Independente, favorecendo a Andrade Valladares, em 2011. Em seguida, a CWP ganhou o direito de construir um hospital em Sete Lagoas, por R$ 50 milhões. O Ministério Público suspeita de superfaturamento da obra que depois de gastos os R$ 50 milhões só tinha 61% do projeto concluído, levando o município a solicitar mais R$ 64 milhões para finalizar o hospital que acabou tendo novos repasses cancelados pelo governo do Estado.
JOSÉ MARQUES
DE BELO HORIZONTE
Um dos pivôs da operação que prendeu o ex-presidente do PSDB de Minas Gerais Nárcio Rodrigues e mais seis pessoas, a CWP (Construtora Waldemar Polizzi) é apontada por órgãos de fiscalização como suspeita de ter cometido irregularidades em outras obras no Estado, além da ligada à denúncia que transformou o tucano em réu.
A empreiteira pertenceu a parentes do ex-governador tucano Antonio Anastasia (2010-2014) até dezembro de 2009 –Waldemar Anastasia Polizzi é primo em primeiro grau do atual senador. O ex-governador, porém, não é alvo de investigação.
Segundo o TCE (Tribunal de Contas do Estado), há indícios de que a CWP perdeu propositadamente uma licitação para reforma, a ser feita pelo governo estadual, do estádio Independência, para beneficiar outra empresa, a Andrade Valladares, em 2011.
Ela teria deixado de apresentar "uma série de documentos usualmente exigidos em processos de habilitação" para fazer "uma participação pro forme, figurativa". Auditoria do TCE aponta que, além de um possível direcionamento de licitação, a obra teve sobrepreço. A Promotoria pediu, em ação civil pública, devolução de R$ 120 milhões.
Logo após perder essa licitação, a CWP ganhou uma concorrência de R$ 50 milhões para construir um hospital em Sete Lagoas.
Depois de o Estado ter gasto mais de R$ 50 milhões com a obra, o município pediu mais R$ 64 milhões para poder terminar o hospital, que só tinha 61% de seu projeto finalizado. O governo de Minas então cancelou novos repasses. O caso de Sete Lagoas é investigado pelo Ministério Público do Estado.
Quatro pessoas ligadas à CWP se tornaram rés após a deflagração da Operação Aequalis, que investigou crimes de lavagem de dinheiro, fraude em licitação, organização criminosa e peculato na obra do centro de pesquisa "Cidade das Águas", em Frutal. Duas delas estão presas.
Segundo a força-tarefa que trabalha no caso, a empresa causou um dano aos cofres públicos de R$ 8,7 milhões.
A operação tinha como principal alvo o então secretário Rodrigues (Ciência e Tecnologia), conhecido pela forte ligação com Aécio Neves (PSDB-MG).
OUTRO LADO
A CWP e a Andrade Valladares não se manifestaram.
Em defesa ao TCE (Tribunal de Contas do Estado), órgãos do governo sustentaram que não houve irregularidade na construção do estádio Independência.
A Secretaria de Saúde de Minas disse que parou de repassar a verba dos convênios com a Prefeitura de Sete Lagoas porque houve extrapolação do valor do contrato com a empresa licitada e que nova concorrência deve ser feita.
A Prefeitura de Sete Lagoas afirmou, em nota, que "não se previa, com o primeiro convênio, que a obra do hospital estivesse pronta". Também disse que, na concorrência vencida pela CWP, foi levado em conta o menor preço de execução e qualidade técnica.
Narcio Rodrigues tem dito que não atuou na execução de obras da Cidade das Águas. Waldemar Polizzi tem dito que não tinha qualquer ligação com a CWP na época das supostas irregularidades.
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