Surpresa na convocação da Copa de 1998, ex-lateral substituiu Cafu na semi. Hoje, no interior de SP, mostra mágoa das críticas e cuida de projetos
Zé Carlos vive em Presidente Prudente, em SP
(Foto: Daniel Romeu / Globoesporte.com)
(Foto: Daniel Romeu / Globoesporte.com)
Hoje, 14 anos depois, o ex-lateral, que parou também de imitar galinhas em público - brincadeira usada para distrair os colegas de time e sempre mostrada pelas câmeras de TV -, não se considera aposentado e até se incomoda com a pergunta.
- Aposentado, não. Só parei de jogar - explicou Zé Carlos, que, magoado com as críticas na época, agora só faz a imitação dos animais para os amigos mais íntimos.
Nascido em Presidente Bernardes, interior de São Paulo, Zé Carlos se mudou com sua empresa do ramo de construção civil da capital para Presidente Prudente, no início de 2012, e tenta não se desvincular do futebol. Com ajuda de um amigo, criou uma escolinha para jovens em Nova Mutum, no Norte do Mato Grosso, e conversa com a Prefeitura de Prudente sobre a possibilidade de abrir uma filial na cidade. Como jogador, “parou” em 2005, pelo Noroeste.
Zé Carlos no treino da Seleção Brasileira, em 1998
(Foto: Arquivo / Ag. Estado)
(Foto: Arquivo / Ag. Estado)
Entre as inúmeras histórias guardadas, pode se considerar um privilegiado: faz parte do seleto grupo de atletas que jogaram pela Seleção Brasileira em Copas do Mundo. Mesmo que só por uma vez. A história de Zé Carlos desde o anúncio da convocação feita por Zagallo até o dia 7 de julho de 1998, quando substituiu o suspenso Cafu na semifinal contra a Holanda, é digna de roteiro de cinema. Chamado de surpresa no lugar de Flávio Conceição, lesionado, o lateral foi obrigado a adiar o casório. Avisado da convocação pelo lateral-esquerdo Serginho, no São Paulo, pensou que fosse piada do colega.
– A notícia que eu tinha é que o Zagallo ia levar o Flávio para jogar de volante e lateral. Eu sabia que não iria. Só nos bastidores rolava uma história de que o Flávio seria cortado. Íamos entrar de férias no São Paulo durante a Copa e fazíamos um treino recreativo à tarde no CT, que seria o último. De repente, o Serginho gritou: “Zé, tão falando que você acabou de ser convocado.” Não acreditei, mas a notícia correu o CT – relembrou.
Em meio a tantos craques já consagrados, como Ronaldo, Rivaldo, Roberto Carlos e Cia., Zé Carlos garante que não sentia a pressão. Tranquilo e atencioso nas palavras, ele só mudou o tom em relação às críticas recebidas pela atuação na única chance com a amarelinha, na semifinal. Ainda nas quartas, a sofrida classificação com vitória sobre a Dinamarca, por 3 a 2, terminou com uma notícia preocupante para a torcida: o intocável Cafu estava suspenso com dois cartões amarelos.
O problema eram os comentários. É fácil falar. Não tinha como apresentar futebol melhor do que aquele"
Zé Carlos
– O problema eram os comentários. “O Zé não foi aquele jogador do São Paulo”, “sentiu a camisa”... Quem tem personalidade não sente. Quem analisa nunca vestiu uma camisa de futebol. É fácil falar. Se você perguntar para qualquer um, jogar uma semifinal de Copa depois de quase 60 dias sem jogar, é complicado – explicou.
As críticas magoaram o ex-jogador, que lembrou com carinho da experiência. Para ele, foi um privilégio ter participado daquele grupo.
– Confiava em mim, sabia do meu potencial. Não tinha como apresentar futebol melhor do que aquele. Minha preocupação era essa, estar fora de ritmo, fora do tempo de bola. Eu era ofensivo, mas sem ritmo, sem condições ideais, foi difícil. Mas foi tudo bem. Ganhamos nos pênaltis e fomos para a final. Com a minha história, de onde eu vim, como comecei... Disputar uma Copa... São poucos...
Zé Carlos na partida do São Paulo contra o Corinthians, em 1998 (Foto: Arquivo / Ag. Estado)
– Às vezes eu até brinco, mas parei um pouco. Eu vi algumas pessoas criticando, principalmente fora do Brasil. Falaram um monte de besteira sobre isso. Tem maldade. Tive que parar um pouco. Você quer fazer o bem, e alguém tenta te colocar para baixo. Tomo mais cuidado. Mas não posso mudar minha conduta pelos outros. Ainda brinco um pouco – afirmou.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/noticia/2012/04/lembra-dele-ex-imitador-de-galinha-e-selecao-ze-carlos-abre-escolinhas.html
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