terça-feira, 30 de agosto de 2016

Requião: algum ministro do PMDB discordava?



FONTE:
http://www.conversaafiada.com.br/politica/requiao-algum-ministro-do-pmdb-discordava


Ou se calava? Se virava?


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Conversa Afiada reproduz o discurso do senador Requião, na sessão de 15 horas de tortura a que se submeteu, altiva, a Presidenta eleita Dilma Rousseff:
“Conto com no mínimo 31 senadores patriotas para vencer o golpe”

Presidente Lewandowski, Presidenta eleita do Brasil, Dilma Vana Rousseff, antes de ontem, eu estava num comício em Turvo, centro do Paraná, região pobre, de agricultores que vivem em extrema dificuldade, e um deles me perguntou:

- Requião, você vai falar na reunião com a Dilma no Senado Federal? 

E eu disse: 

-Vou. 

Ele me fez uma recomendação: 

- Vai lá, Requião, fala com o coração e com a democracia brasileira impressa do lado esquerdo do peito. 

Sempre busquei a coerência. Não participei do primeiro mandato da Presidente Dilma, ao contrário de muitos que agora querem tirá-la do poder. Muitas vezes, subi a esta tribuna para criticar lealmente a política econômica da Presidente e fiz isso com desenvoltura, num espaço democrático e limpo. 

Hoje, eu falo constrangido, porque não é a Presidente que está sendo julgada no Senado. É a democracia que está sendo julgada, é um projeto soberano de construção da nação brasileira. E digo isso porque não há a menor possibilidade de a Presidenta ter cometido um crime. Ela não cometeu Crime algum. 

A constituição está destroçada. Todo esse processo está se desenrolando, como se estivéssemos em um sistema de Governo parlamentarista. Presidente Lewandowski, essa é uma tentativa de introdução do parlamentarismo à revelia da lei e do desejo do povo brasileiro. 

Como sabemos, no presidencialismo escolhido pelo povo brasileiro por duas vezes em plebiscito: não havendo crime, não há impeachment. Então, propõe-se um simulacro de parlamentarismo para poder dar um voto de desconfiança do Parlamento e substituir a orientação do Governo brasileiro escolhida pelo povo em uma eleição. 

Essa crise econômica e política, que nós vivemos, não é uma crise só do Brasil. Ela começa na Europa como uma reação do poder financeiro constituído contra o Estado Social que surge contra o nazismo após a II Guerra Mundial. Ela é uma crise forjada contra o Estado Social do direito das mulheres, dos trabalhadores, dos desempregados, das minorias. Contra o Estado social que se contrapõe à força brutal do capital. 

Essa reação ao Estado social se baseia num tripé de intenções. Primeiro, a precarização do Executivo, que passa a ser substituído pela ideia tola de um Banco Central independente; o Governo, se tornaria assim mero repressor de manifestações populares. 

Em segundo lugar, o Parlamento, contaminado pelo financiamento de empresas de campanha, com Deputados e Senadores transformados em mandaletes dos interesses que financiam seus partidos e suas eleições. 

A terceira e mais terrível pata do tripé é a precarização do trabalho, o convencionado sobre o legislado. Estão aproveitando-se de uma crise recessiva, quando fragilizam-se as famílias assalariadas, para a revogação de todos os direitos trabalhistas. 

Nós não estamos julgando a Presidente Dilma Rousseff, que não cometeu crime algum. 

Estamos comparando duas hipóteses de Governo: 

  • Um que quer acabar com pensões e aposentadorias, um massacre para 20 milhões de brasileiros e que joga todos os recursos do Estado para servir exclusivamente ao pagamento da dívida pública com juros absurdos definidos por um Banco Central controlado pelos bancos privados.
  • Outro que ao menos tenta encontrar saídas para continuar gerando empregos, aumentando salários e criando programas sociais 

Reverter direitos é o caminho que querem nos impor. Congelar despesas da União por 20 anos – não se pode mais nascer, não se pode mais estudar, não se pode melhorar ensino e não se pode melhorar saúde. 

Privatização do patrimônio nacional: a entrega do petróleo; a privatização da água, já sugerida dentro do Governo do meu correligionário Michel Temer. 

É o Brasil que está em jogo. É o nosso patrimônio energético, mineral, econômico, cultural, ambiental que está em jogo. Não é o mandato da Presidente Dilma Roussef. 

É uma ilegalidade absoluta o que estão tentando impor nesta Casa. Não há crime. Isso aqui é um simulacro de júri, em que os interesses fisiológicos prevalecem sobre a letra da lei, sob o espírito da lei, sobre qualquer noção de justiça. 

Presidenta, algum Senador do meu Partido, no exercício do Ministério do seu Governo, contestou, alguma vez, a sua política econômica ou essas medidas que agora eles alegam ser ilegais? 

Alguém lhe fez algum um reparo nas reuniões ministeriais? 

Se não, por que reparam agora?
Por que cargas d'água estão pedindo o impedimento da Presidente? 

Será que é para atender às embaixadas dos grandes países, o interesse da banca e a miserável fisiologia que domina o Congresso Nacional? 

Essas são minhas considerações a respeito do Brasil e do que está para acontecer ou não, porque espero que não! 

E estou contando com pelo menos 31 Senadores patriotas e que sabem se indignar contra a injustiça dizendo "não" a esse absurdo.

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