domingo, 13 de julho de 2014

Alemães chegam a hotel gritando: "Nós somos o número 1 do mundo"

Após conquistar o tetracampeonato, desembarque triunfal tem novo selfie de Podolski, cerveja na mão de Mertesacker e dança ao som de "Lepo Lepo"


Por Rio de Janeiro

Meter Sacker Chegada Hotel Alemanha (Foto: Fred Gomes)Mertesacker chega com a medalha no peito e a latinha de cerveja na mão 
(Foto: Fred Gomes)

Os tetracampeões mundiais chegaram ao hotel onde estão hospedados, na Zona Sul do Rio, às 21h53 deste domingo. A gritaria era intensa no principal acesso ao local. Os craques foram na onda da torcida e desembarcaram do hotel cantando muito. A música mais repetida era "Die nummer eins der welt. Sind wir!" (Nós somos o número 1 do mundo). O técnico Joachim Löw foi o primeiro a descer.

Um dos mais simpáticos e empolgados com o Brasil, Podolski, famoso por suas inúmeras selfies (ainda no Maracanã fez uma com a taça e outra com a chanceler alemã Angela Merkel), fez outra ao desembarcar. Posou ao lado do motorista do ônibus e os clicou. O mister simpatia, camisa 10 da Alemanha, ainda filmou a imprensa antes de entrar no saguão do hotel.

O meio-campo Julian Draxler arriscou um português e levou os jornalistas às gargalhadas ao gritar: "Rio feliz!". O zagueiro Per Metersacker não largou sua latinha de cerveja ao descer do ônibus.

Já no hall do hotel, membros da comissão técnica cantaram rapidamente o já "alemão" Lepo Lepo. Schweinsteiger arranhou um espanhol com "campeones, campeones, ole, ole, ole".

Thomas Müller, artilheiro alemão no Mundial, foi apertar a mão para apertar a mão de jornalistas compatriotas. Özil cantou muito o "Die nummer eins der welt. Sind wir!", assim como Khedira e Hummels.

Merecida festa e canto mais do que justo. Afinal, a Alemanha é depois de 24 anos o número 1 do mundo.


Joachim Chegada Hotel Alemanha (Foto: Fred Gomes)
Joachim Löw foi o primeiro a descer do 
ônibus da seleção alemã 
 (Foto: Fred Gomes)

Muller Chegada Hotel Alemanha (Foto: Fred Gomes)
Müller foi um dos destaques da 
Alemanha durante a Copa do 
Mundo (Foto: Fred Gomes)

Khedira Chegada Hotel Alemanha (Foto: Fred Gomes)
Khedira foi um dos jogadores a descer 
do ônibus com a camisa comemorativa 
do tetra(Foto: Fred Gomes)


FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/selecoes/alemanha/noticia/2014/07/alemaes-chegam-hotel-gritando-nos-somos-o-numero-1-do-mundo.html

Para a história! Alemanha é tetra no Maracanã com gol na prorrogação!

Mário Götze sai do banco e faz o único gol do tetracampeonato alemão, para delírio de torcedores brasileiros e frustração dos argentinos no Rio


 A CRÔNICA

por Alexandre Alliatti

A maluquice é pensar que não temos vaga ideia do que fazíamos em 3 de junho de 1992, quando pela primeira vez Mario, mais um recém-nascido qualquer a chorar num hospital qualquer da Alemanha, viu a luz. Dada nossa sina de marionetes do tempo, estávamos indiferentes à história que começava a ser costurada – lavávamos louça, víamos novela, reclamávamos do centroavante tosco de nosso time, discutíamos futebol com nosso pai, aquela figura de rugas desenhadas também pela dor e pela glória que o futebol tanto nos dá. Não podíamos imaginar o que aconteceria tanto tempo depois, naquele inalcançável 13 de julho de 2014, naquele futuro domingo de sol no Maracanã, naquele instante precioso em que o pequeno Mario, o gigante Mario Götze, com apenas 22 anos e uma eternidade pela frente, receberia de Schürrle aos oito minutos do segundo tempo da prorrogação, dominaria no peito e desviaria para o gol. Não podíamos calcular que surgia o protagonista da vitória por 1 a 0 na final, o sujeito que evitaria uma festa da Argentina no Maracanã, o atleta que tornaria a Alemanha tetracampeã mundial de futebol!

Mario Gotze gol final Alemanha x Argentina (Foto: Reuters)
Götze agradece! O pequeno gigante 
entra para a história alemã com o gol 
do tetra (Foto: Reuters)

A Argentina de Messi foi grande até os limites supremos. Encarou um time melhor e talvez merecesse a vitória, o título, tanto quanto a Alemanha. Detalhes mudam vidas, mudam histórias, e agora eles penderam para Alemanha – para euforia, absoluto delírio, da torcida brasileira presente no Maracanã. A seleção germânica se iguala à Itália como tetracampeã mundial. O Brasil segue soberano, com cinco conquistas, e a Argentina continua com duas. O terceiro duelo entre alemães e argentinos em finais é também a primeira vez que uma seleção europeia ganha a Copa no continente americano.

O mundo diante de Higuaín
Sussurros seriam ouvidos do outro lado do estádio se alguém ousasse abrir a boca aos 20 minutos do primeiro tempo, naqueles dois ou três segundos de mutismo coletivo em que Higuaín recebeu uma bola de presente de Toni Kroos e, sozinho, avançou com ela na direção de Neuer. Existem chances que não se perdem nem em peladas de família, quanto mais numa final de Copa do Mundo, mas o atacante argentino, talvez embasbacado pela oportunidade que ganhara, talvez se perguntando se merecia tanto, cometeu a insanidade de desperdiçar o gol.

O problema é que o futebol tem algo de rancoroso. O mesmo Higuaín, alguns minutos depois, entrou na área feito um caminhão sem freios, aproveitou cruzamento de Lavezzi, lá da direita, e mandou para as redes. Saiu vibrando, em surto, correndo como um sujeito que daria a volta ao mundo se o Maracanã não tivesse paredes, mas aí o teto dele desabou: do outro lado, o auxiliar, esse corta-prazeres de atacantes, tinha sua bandeira erguida. 
Correto: o atacante estava de fato impedido.

Higuaín gol anulado final Copa do Mundo Alemanha x Argentina (Foto: Reuters)
Higuaín marca, mas o gol 
é corretamente anulado pelo 
auxiliar (Foto: Reuters)

A grande questão é que os dois lances, acrescidos de uma arrancada assombrosa de Messi (cortada por um Boateng que só precisa de um par de asas para ser decretado anjo da equipe), mostram que houve algo de errado no sólido reino defensivo germânico. Os problemas começaram antes de o jogo começar, por mais estranho que pareça. Khedira, peça essencial na engrenagem do meio-campo, sentiu dores musculares no aquecimento. Não foi a campo. Entrou Kramer, que só tinha jogado 11 minutos na Copa inteira e também sairia lesionado, ainda no primeiro tempo, para a entrada de Schürrle.

Frigidos os ovos, é notável que a Argentina fez muito bom primeiro tempo – e não foi graças apenas aos eternos incômodos causados por Messi e suas disparadas de homem de mil pernas. Também pela defesa. E mesmo se baseando numa estratégia curiosa: deixar Schweinsteiger passear pelo campo como se estivesse de férias. Alejandro Sabella, por algum motivo, preferiu concentrar atenções em acossar os atletas servidos pelo camisa 7, não o próprio. A tática parece suicida, mas até que deu resultado. Porém, quase ruiu no finzinho da etapa, quando Höwedes subiu nas cercanias da estratosfera para cabecear na trave argentina. No rebote, a bola ainda bateu em Müller, e Romero defendeu, mas o lance já estava anulado por impedimento.

Quase, Messi!
A expectativa de qualquer ser humano alimentado de esperanças é que Messi, ao ir para o vestiário, seja acometido por uma crise de piedade e resolva parar de infernizar defesas alheias. Mas não costuma acontecer – quem não voltou foi Lavezzi, substituído por Agüero. Com menos de dois minutos no segundo, a Pulga recebeu em profundidade na esquerda e mandou um chute cruzado que triscou a trave protegida pelas luvas de Neuer. Quase.

Messi final Copa Alemanha x Argentina (Foto: AFP)
Messi chuta cruzado, à esquerda de 
Neuer. Por um triz a Argentina não 
abriu o placar (Foto: AFP)

A partir daí, as chances de gol se tornaram mais escassas. As equipes encontraram dificuldades de escapar ao ataque, e o jogo ficou mais preso nos limites entre uma intermediária e outra. A parte final da construção passou a ter repetidos erros de lado a lado – linda jogada de Özil poderia ter resultado em gol mesmo assim, mas Kroos bateu mal. E a prorrogação começou a dar as caras no Maracanã.
As duas seleções, com o passar do tempo, ficaram mais e mais encabuladas de tentar movimentos que expusessem suas defesas. Mesmo as trocas foram comedidas: na Argentina, Palacio no lugar de Higuaín, Gago no de Enzo Perez; na Alemanha, Götze na vaga de Klose. Consequência: prorrogação.

O último ato
A Alemanha entrou na prorrogação babando de vontade de ganhar. No primeiro lance do tempo extra, Schürrle quase marcou. Romero espalmou o chute do atacante. A Argentina, fechada, deixou claro que se abraçaria aos contra-ataques, e os europeus passaram a ter domínio do jogo – mas sem grande contundência.

Mario Gotze gol final Alemanha x Argentina (Foto: Getty Images)
Êxtase em campo! Götze é cercado 
após fazer o gol do título 
(Foto: Getty Images)

A tensão era evidente no Maracanã – era quase um organismo vivo. E Palacio quase fez. Em rara falha de Hummels, o atacante conseguiu dominar na área e tocar por cima de Neuer, mas a bola saiu. Os minutos finais foram duros, pegados – a ponto de Schweinsteiger sair sangrando depois de Agüero deixar o braço no rosto dele. Ficou evidente o cansaço das duas equipes e a impressão de que só uma jogada aleatória poderia evitar os pênaltis.

Mas não houve aleatoriedade. Houve talento. Schürrle, brilhante, fez ótima jogada e mandou na área. Götze, ao matar no peito, encontrou a bola e a posteridade ao mesmo tempo. Mandou para o gol. Mandou para a história – para a história de uma enorme tetracampeã!




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